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Avenida Vicente Machado, onde bares fecharam na noite desta quinta-feira (12) por causa das fiscalizações | Marcelo Elias /
Gazeta do Povo
Avenida Vicente Machado, onde bares fecharam na noite desta quinta-feira (12) por causa das fiscalizações| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

A mobilização do prefeito Rafael Greca (PMN) para por em prática as fiscalizações em estabelecimentos de Curitiba - principalmente bares e casas noturnas - repercutiu negativamente junto aos proprietários da cidade.

Nesta sexta-feira (13), um dia depois que cinco pontos foram fechados na capital após vistorias, a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas em Curitiba (Abrabar) disse que o trabalho comandado pela prefeitura foi uma “ação de marketing” e acrescentou que já solicitou à administração municipal uma audiência para discutir o assunto. Também devem participar do encontro o Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares do Município de Curitiba (Sindiabrabar).

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Para a Abrabar, o programa “Balada Protegida” deveria envolver também a segurança do entorno dos bares da Vicente Machado e não somente a fiscalização de estabelecimentos que estão legais.

“Isso vai muito além. A balada protegida é a segurança do entorno, controle de acesso, câmeras de monitoramento. Isso não temos”, observa o presidente da Abrabar, Fábio Aguayo.

Ele reforça que a associação é a favor de ações que beneficiem a sociedade, mas contra ações que possam “promover o ego de agentes”. Aguayo defende que, da forma como foi realizado, o programa da prefeitura pode ser visto como uma “ação de marketing”.

“O que me preocupa não é fechar estabelecimentos por problemas de Vigilância Sanitária, mas por burocracias do dia a dia e que podem ser resolvidas em outro momento do expediente”, salienta.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a prefeitura de Curitiba informou que o secretário de governo, Luiz Fernando Jamour, deve receber a Abrabar, em uma reunião na qual deve ouvir as argumentações do setor. O encontro ainda não tem data marcada para acontecer.

Outro foco

Proprietário de um bar na região, o empresário Jihade Kansou avalia que a fiscalização compreende apenas estabelecimentos formais, enquanto o que vem gerando problemas naquela região são comerciantes ambulantes e pessoas que trazem bebida de outros lugares. Ele lamenta que a área não tenha policiamento para ajudar a coibir a onda de violência, barulho e tráfico que se instalou na região.

“Está perigosíssimo. Nas sextas-feiras acontecem mais de 30, 40 assaltos na Presidente Taunay, Coronel Dulcídio, Comendador Araújo. O público gay também vem sofrendo bastante”, diz.

Dono de outro bar, Rafael Fusco diz que ações de fiscalização não são novidade para os proprietários locais. Na gestão passada, houve, segundo ele, até três operações integradas na mesma semana.

“Acho ótimo o poder público querer arrumar as coisas, mas que não repita os mesmos erros do passado. A Aifu está chegando de noite para resolver questão de bombeiro”, assinala ele, ao citar que os empresários da região já cogitaram, inclusive, pagar por conta segurança, controle do trânsito e limpeza da área, tamanhos os problemas envolvendo estas questões por ali.

O caso

Em seu perfil no Facebook, Greca chegou a fazer uma postagem sobre a fiscalização na Vicente Machado dizendo que a intenção é proteger os que se divertem dos “mercadores do mal e da morte” [sic], em uma referência aos vendedores ambulantes que circulam pelo local.

Antes das fiscalizações na Vicente Machado, as equipes que integraram a operação passaram também na Rua João Negrão, próximo ao Terminal do Guadalupe.

Ao todo, as fiscalizações de quinta-feira resultaram em cinco estabelecimentos fechados por problemas com alvará. Entre eles, casas noturnas e postos de combustíveis.

O caso virou polêmica nas redes sociais. Muita gente mostrou indignação pelo fato de o programa ter impedido a realização de uma festa beneficente em um dos bares da região. Marcado para a noite desta quinta, o evento montado para arrecadar fundos para a ONG Teto deixou de ser realizado no James Bar e foi transferido para uma casa noturna na Rua Barão do Rio Branco.

Revisão completa

Em entrevista, o secretário municipal de Defesa Social, Algacir Mikalovski, afirmou que as ações do “Balada Protegida” serão semanais na capital e resultado de um trabalho de investigação de situações irregularidades em estabelecimentos comerciais.

As iniciativas também não devem ficar concentradas somente na Vicente Machado. A escolha por fiscalizar a região na quinta-feira se foi justificada pela proximidade da região em que a equipe estava anteriormente, o Terminal de Guadalupe.

“Continuamos o trabalho pela Vicente Machado com o objetivo de verificar a questão de trânsito, alvarás, Vigilância Sanitária e venda de bebidas alcóolicas para menores de 18 anos”, afirma.

Mikalovski sustenta que a prefeitura é obrigada a impedir que estabelecimentos funcionem com irregularidades, como questões de alvará.

“Tivemos o caso da Boate Kiss. Não podemos permitir que fiquem abertos”, argumenta ele, ao salientar que o programa contará também com ações para “evitar que pessoas dirijam alcoolizadas e adolescentes sejam protegidos”.

Nesta quinta, não foram flagrados casos de venda de álcool para adolescentes nem irregularidades envolvendo a Vigilância Sanitária.

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