Skatistas que frequentam a Praça Afonso Botelho, a popular Praça do Atlético, em frente à Arena da Baixada, no bairro Água Verde, em Curitiba, reclamam dos moradores de rua que frequentam o espaço. O grupo diz que boa parte dos 20 moradores estão usando o espaço público como dormitório e banheiro.
“Ao chegarmos aqui pela manhã, é normal nos depararmos com fezes. O cheiro de urina vindo do muro ao lado da pista é outra coisa insuportável”, conta o skatista Adalto Elias Pereira, presidente da Federação de Skate do Paraná. De acordo com ele, a prefeitura deveria fazer algo a respeito.
Há um centro de esporte e lazer no meio da praça que terá banheiros públicos para os frequentadores. O local, no entanto, só será inaugurado em abril, segundo a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude, responsável pelo espaço. “Isso poderia resolver a situação”, diz Pereira.
O presidente da federação também reclama que as pessoas em situação de rua estão usando a praça como dormitório. “Às vezes eles penduram roupas nas grades aqui da praça e preparam comida. Isso afasta os frequentadores”, comenta. Quando a reportagem foi ao local na tarde de quarta-feira (11), eles estavam preparando café em uma das escadarias, enquanto outros utilizavam um colchão ao lado da cerca para dormir.
O morador de rua Valdinei Barbosa da Silva, 30, diz que ele e sua ‘’família’’ -- maneira como eles identificam o grupo com o qual vivem -- usam a praça para dormir porque não há outra opção. “É melhor ficar na rua do que ir para um dos seis centros da prefeitura que oferecem atendimento a pessoas em situação de rua”, relata.
A respeito das fezes na pista, Silva afirma que não é verdade. “Nós só urinamos aqui na praça”, diz, enquanto aponta para uma das árvores da praça, que recebeu uma placa para indicar que ali é o banheiro improvisado. “Quando precisamos fazer o número 2, nós corremos para o sanitário público da Praça Ouvidor Pardinho, mesmo em momentos de aperto”, garante. O banheiro fica a 900 metros da Arena da Baixada.
Bugigangas
Silva sempre anda acompanhado de seu cachorro, Nick, além de um carrinho com roupas, mantimentos e colchão. Ele conta que carrega tudo consigo porque o guarda-volumes que utilizava, na Praça Osório, no Centro, foi fechado pela nova gestão do prefeito Rafael Greca essa semana. “Nunca ninguém deu atenção para gente. Agora as coisas vão piorar mais ainda”, desabafa.
O metalúrgico Miranda Gomes, 38, que frequenta o parque não acha que a presença das pessoas em situação de rua seja um problema. “Se eles não importunarem ninguém, não há incômodo algum na presença deles”, conta, enquanto a filha de 8 anos utiliza um balanço improvisado feito por um dos moradores de rua.
Prefeitura
A Prefeitura informa que iniciou visitas a espaços públicos para fazer a abordagem social dos moradores de rua. Com base nesses dados, o órgão vai desenvolver um plano de ação especifico que terá como meta o atendimento para essa população.
Sobre o guarda-volumes, o órgão informa que, apesar de o da Praça Osório ter sido fechado, há outro na Rua Dr. Faivre, no Centro, que continua aberto e tem capacidade para guardar os pertences das pessoas em situação de rua.
Curitiba tem 1.715 pessoas em situação de rua. De acordo com pesquisa da Fundação de Ação Social (FAS), divulgada em meados de 2016, 60% deles utilizam as ruas do Centro como dormitório e o restante está dividido pelos bairros, principalmente Boqueirão e no Portão.
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