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Violência policial

Abuso começou após desavença banal, diz família agredida pela PM

Dona da casa invadida, Zumira da Silva mostra o que sobrou de um cassetete da PM desferido na cabeça do filho dela | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Dona da casa invadida, Zumira da Silva mostra o que sobrou de um cassetete da PM desferido na cabeça do filho dela (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

A família que teve a casa invadida e que acusa policiais militares de agressão negou que tenha havido perseguição a um motociclista sem capacete, tese defendida pelos PMs para justificar a entrada no imóvel na Rua Rio Guaíba, no Bairro Alto, em Curitiba. De acordo com as vítimas, o homem fez barulhos com o acelerador da moto quando uma viatura passou e isso teria motivado a abordagem policial.

"Ele [o motociclista] estava em frente da nossa casa. Quando a PM fez a abordagem, ele se negou a entregar o documento da moto e entrou na nossa casa, onde estávamos fazendo um churrasco para celebrar o acesso do Atlético [à 1.ª divisão do Brasileiro]", disse Zumira da Silva, 58 anos, dona do imóvel invadido pelos policiais Militares. De acordo com ela, a confraternização reunia vários parentes, inclusive alguns que moram em Piraquara, como a mãe dela, de 71 anos. Após o jogo entre Atlético e Paraná, cerca de 30 pessoas se concentraram em frente a casa da família.

Ainda segundo a família, após uma primeira negociação entre os policiais e o motociclista, pelo menos mais de dez viaturas chegaram no local antes de entrarem à força na residência. "Eles chegaram batendo em todo mundo, acertaram minha sobrinha que tem deficiência nas pernas e minha mãe", disse Zumira.

Com a aglomeração de pessoas, a família conta que pelo menos mais três casas teriam sido invadidas. Uma delas foi a de Valmir Adolfo Espírito Santo dos Santos, que mora a cerca de 50 metros da casa de Zumira. Com 26 anos, ele mora com a irmã e é deficiente mental. "Fui questionar porque estavam batendo nas pessoas. Quando voltei para minha casa, sete policiais invadiram a sala, me puxaram pela perna e me espancaram na rua", contou Santos.

Ontem, o neto de Zumira, que prefere não se identificar, ainda carregava no corpo as marcas da abordagem da Polícia Militar. "Eles nos batiam e chamavam de "beira de rio", "favelado". O pior é que são os PMs do batalhão aqui do bairro, que vejo fazendo a ronda. Não consigo dizer os nomes porque eles tinham tirado as tarjetas [da farda]", criticou o jovem de 20 anos.

O caso de abuso policial foi denunciado por meio de um vídeo na internet no qual a advogada Andréia Vítor acusa os policiais de espancamento, tortura e injúria racial.

Truculência

Cinco denúncias de excesso da Polícia Militar foram registradas em novembro:

1.º nov – O advogado Lucia­­no­­ Milani Neckel teria sido agredido dentro de uma delegacia de Cascavel por um PM do Pelotão de Choque. Ele acompanhava um cliente preso por não pagar a pensão alimentícia.

17 nov – A estudante Ana Pau­­la foi dominada com violên­­cia e empurrada contra uma por­­­­ta de ferro enquanto filmava com o celular a abordagem de policiais a torcedores do Co­­ri­­tiba, na capital.

22 nov – PM usaram spray de pimenta e empurraram funcio­­­ná­­rios da Copel que fecharam­­ o trânsito na Rua Coronel Dul­­cí­­­dio durante um protesto em Curitiba.

22 nov – Policiais militares dis­­param balas de borracha e gás lacrimogêneo para conter uma confusão na festa de encerramento do ano letivo dos estudantes da Universidade Paranaense (Unipar) de Toledo, no Oeste do Paraná.

24 nov – Policiais invadiram casa, agrediram moradores e vizinhos, entre eles uma idosa e uma pessoa com deficiência, no Bairro Alto, em Curitiba.

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