O quinto caso de ação truculenta de policiais militares em menos de um mês ligou um sinal de alerta na corporação. De acordo com o corregedor-geral da PM, coronel César Vinícius Kogut, os episódios não são casos isolados, mas ainda não há uma avaliação concreta do que está acontecendo. "Ter um ou dois [casos de abuso policial] por mês já preocupa. Mas quando é contínuo acende a luz de alerta e o comandante está preocupado com isso", disse, em entrevista coletiva. "Não estamos no Afeganistão. A Polícia precisa ter mandado para entrar na casa das pessoas e aquela situação não remetia a qualquer perigo", disse o presidente da seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil entidade, José Lúcio Glomb, criticando a entrada da PM na casa sem mandado judicial.
Glomb também reclamou da prisão da advogada Andréia Cândido Vítor, que estava no local da confusão no Bairro Alto. "Ela solicitou a presença de um advogado da OAB e não foi atendida. Ela não poderia ter sido presa daquela forma e ainda foi vítima de preconceito racial, o que é um crime inafiançável". Ele pediu o afastamento imediato dos policiais envolvidos.
Em Foz do Iguaçu para um evento, o governador Beto Richa cobrou uma investigação rigorosa do caso. "Havendo realmente a responsabilidade destes policiais que eles sejam punidos até de forma exemplar para que não aconteça mais", afirmou.
De acordo com Kogut, esses casos podem demonstrar uma falha na capacitação dos policiais. "Estamos estudando para saber se há falha em capacitação para que a corporação não tenha tantas denúncias seguidas." A tese, porém, é rechaçada por Richa. "Nossos policiais recebem uma boa formação, com forte conteúdo de direitos humanos. No entanto, excessos podem acontecer."
Investigação
O Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, recebeu formalmente a denúncia sobre a denúncia de agressão, tortura e racismo contra moradores do Bairro Alto. O promotor Leonir Batisti, coordenador do grupo, disse que há indícios de excessos da PM. "Vamos investigar, individualizando condutas, ou seja, identificando o que cada um dos policiais fez", disse. Batisti adiantou que os PMs identificados a partir das imagens podem ser submetidos a procedimento de reconhecimento pessoal.