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Onça-parda encontrada mês passado no quintal de uma casa em Tibagi foi enviada ao refúgio da Klabin | Christian Camargo/Divulgação
Onça-parda encontrada mês passado no quintal de uma casa em Tibagi foi enviada ao refúgio da Klabin| Foto: Christian Camargo/Divulgação

Capturados vão para centros de triagem ou zoos

Os animais capturados no Litoral e perto de Curitiba são encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), mantido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná em parceria com o Ibama, em Tijucas do Sul, a 60 km de Curitiba. "Os capturados nas demais localidades são mandados para outros centros de triagem e zoológicos", diz o superintendente do Ibama, Hélio Sydol. Mas nem todos os bichos podem ser devolvidos ao meio ambiente. "Os animais encaminhados aos zoológicos talvez nem voltem ao meio natural", lamenta.

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Como agir

Cautela até o momento da prisão

Ao avistar algum animal selvagem perto de casa, a população deve acionar o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental, pelo 0800 643-0304. Essa é a orientação padrão determinada pelos órgãos competentes. O subcomandante do Batalhão da Polícia Ambiental no Paraná, major Adilson Luiz Corrêa dos Santos, alerta para que as pessoas não se aproximem de qualquer animal considerado silvestre. "O animal, por não ter contato com o ser humano, pode pensar que está sendo ameaçado. Acuado, o bicho pode partir para o ataque", alerta.

O tenente Marcel Elias dos Santos, também da Polícia Ambiental, explica que as pessoas devem aguardar até a chegada da equipe que irá fazer a captura do bicho. "Após a captura, o animal geralmente é encaminhado para um centro de triagem. Em alguns casos ele pode ser devolvido à natureza e em outras situações é encaminhado a um zoológico", diz.

Rotina

Veja alguns casos de animais silvestres que apareceram em centros urbanos do Paraná neste ano:

- Em agosto, um filhote de jacaré de um metro de comprimento foi encontrado em um bueiro, em Foz do Iguaçu, na Região Oeste. Segundo a Polícia Ambiental, o animal provavelmente teria vindo de uma área de vegetação que fica próxima do local. Foi capturado e solto em uma área de vegetação nativa.

- Um jacaré de quase dois metros de comprimento foi encontrado em uma propriedade rural de Entre Rios do Oeste no início deste mês. Os moradores acionaram a Polícia Ambiental para capturá-lo. O jacaré foi devolvido a um rio que fica próximo do município.

- Em Tibagi, nos Campos Gerais, uma onça- parda fêmea apareceu no quintal de uma residência, perto do centro da cidade, no final de outubro. O animal foi encaminhado ao centro de animais da Klabin.

- Em agosto, uma onça-parda foi capturada em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O animal havia fugido de uma chácara na cidade. Depois da captura, a onça foi encaminhada para o zoológico da capital do estado.

- Um filhote de onça-pintada foi encontrado no último dia 4 em uma estrada rural por um morador de Planaltina, na região noroeste do Paraná. O bicho, que estava abaixo do peso e desnutrido, foi levado por técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para uma clínica veterinária de Paranavaí.

- No dia 6 de novembro, uma onça-parda foi capturada em Corbélia, na Região Oeste, dentro da churrasqueira de uma casa. A Polícia Ambiental capturou o felino e o levou para o zoológico de Cascavel.

Ponta Grossa - Em menos de um mês, duas onças-pardas invadiram áreas urbanas no Paraná. No final de outubro, um animal apareceu no quintal de uma casa em Tibagi, nos Campos Gerais, e no início de novembro outro felino surgiu dentro de uma churrasqueira em Corbélia, no Oeste do estado. Neste ano, a imprensa registrou pelo menos 30 casos de animais silvestres que saíram de seus refúgios naturais e foram encontrados em perímetros urbanos. A expansão das cidades e a consequente devastação da flora são alguns motivos para afugentar os animais selvagens de seu hábitat.

Segundo estudo da Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 2008 e 2010 foi desmatado um total de 20.867 hectares no Brasil. Os estados com desflorestamento mais crítico são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que perderam 12.524, 2.699 e 2.149 hectares, respectivamente.

Sem local adequado para viver, os animais se deparam com a necessidade de percorrer outros espaços para conseguir alimentos. "A ausência de grandes áreas naturais para espécies que necessitam desses espaços, como as suçuaranas (onças-pardas), as empurra para as áreas urbanas", enfatiza o professor de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Passos. Ele também atua no grupo de pesquisas de biodiversidade, conservação e ecologia de animais silvestres da instituição.

Apesar de não existir estudos científicos e dados oficiais de quantos animais selvagens são capturados dentro das cidades, o pesquisador atesta que é notório o aumento de ocorrências desse gênero com o passar dos anos. "Isso porque os ambientes naturais estão sendo reduzidos e destruídos", afirma Passos. Já para o superintendente estadual do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Hélio Sydol, é arriscado apontar uma causa específica para a invasão urbana dos animais.

"O que podemos dizer é que está acontecendo algum problema e que merece ser estudado. Muito provavelmente seja, de fato, a destruição do hábitat desses animais", diz. Ele explica que com a destruição da "moradia" do bichano, uma das consequências será a falta de alimentos. "Atraídos pelo cheiro de comida, alguns animais acabam invadindo as cidades. A gente percebe que esses casos estão mais frequentes. Sinal de que alguma coisa muito séria está acontecendo", salienta Sydol.

Desequilíbrio ambiental

Como o universo ecológico é regido, entre outros fatores, pela cadeia alimentar, no qual um ser vivo depende de outro para sobreviver, quando um animal não encontra comida em seu hábitat é evidente que ocorre um desequilíbrio entre fauna e flora. Passos explica que esse desequilíbrio reside especialmente na degradação ambiental, que faz com que as áreas urbanas acabem ficando cada vez mais próximas de florestas, por exemplo. "Esse fato provoca os conflitos nos quais a fauna sempre acaba sendo o elo mais prejudicado", comenta.

Para o ambientalista Marco Ciampi, presidente da organização não governamental Arca Brasil, que defende a proteção animal, o homem está agindo diretamente para provocar o desequilíbrio da natureza. "As fronteiras agrícolas estão crescendo cada vez mais perto das florestas. Isso acaba com o reduto da fauna, quando na verdade o animal deveria ter condições de se garantir em seu habitat. Mas isso, infelizmente, não está ocorrendo", salienta.

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Interatividade

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