| Foto: Arquivo/

Um dos cinco acusados de matar a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que foi linchada por dezenas de pessoas no Guarujá, no litoral paulista, em maio de 2014, foi condenado a 30 anos de prisão nesta quarta-feira. Lucas Rogério Fabrício Lopes, o “Lagartixa”, de 21 anos, foi acusado de bater na cabeça da vítima com uma bicicleta, além de amarrar seus punhos com um fio elétrico e arrastá-la por alguns metros.

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Fabiane foi confundida com o retrato falado de uma mulher que sequestraria crianças nas ruas do Guarujá para fazer rituais de magia negra. O boato sobre a suposta criminosa foi disseminado na internet e mostrava um retrato falado que, na verdade, foi eito por policiais do Rio em 2011 e não tinha nada a ver com a cidade do litoral paulista. Não havia no Guarujá nenhum registro de sequestro de crianças.

Justiçamento não é justiça

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Embora dissesse que era inocente, Fabiane foi agredida com socos e pontapés na frente de um mercado perto do bairro onde morava com o marido e duas filhas. Ela foi derrubada no chão, arrastada e, depois de levar a surra, foi arremessada em um córrego. A mulher ficou internada por um dia até que tivesse a morte decretada. Dezenas de pessoas participaram do linchamento e outras tantas gravaram as imagens com seus celulares.

Lopes foi condenado por homicídio triplamente qualificado, “por motivo torpe, mediante meio cruel e com uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima”, segundo denúncia apresentada pelos promotores Samir Chukair da Cruz e Carlos Eduardo Perez Fernandez. Ao falar com a imprensa no intervalo do julgamento, o advogado Marcos Antônio Botelho, que defende o acusado, disse entender que Lopes é responsável por um homicídio simples:

“O homicídio ocorreu, mas, se nós atentarmos para a conduta do Lucas, ele apenas deu uma bicicletada na cabeça, isso, por si só, não mata ninguém”, disse o advogado, à TV Tribuna, afiliada da TV Globo em Santos.

Devido à repercussão do caso no Guarujá, o júri aconteceu em Santos por questões de segurança. O julgamento começou às 10h, com a apresentação da acusação pelo promotor Cássio Serra Sartori. As testemunhas de defesa e acusação foram dispensadas, e o advogado Botelho se recusou a fazer o uso da tréplica. Às 17h, os jurados já tinham o veredito: consideraram Lopes culpado. O juiz entendeu que, devido à brutalidade do caso, deveria ser fixada a pena máxima, 30 anos de prisão.

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A polícia conseguiu identificar e prender cinco acusados de espancar Fabiane até a morte. Lopes é o primeiro deles a ir a júri popular. Ainda aguardam julgamento Jair Batista dos Santos, acusado de jogar o corpo em um córrego; Abel Vieira Batalha Junior, o “Pepê”, que ajudou Lopes a amarrar o pulso de Fabiane e a arrastá-la pelo chão; Carlos Alex Oliveira de Jesus, o “Pote”, que chutou a cabeça da dona de casa e a bateu no chão, além de amarrar as pernas da vítima; e Valmir Dias Barbosa, que foi flagrado dando uma paulada na cabeça da vítima.

Passados mais de dois anos do crime, não houve punição para a página da internet “Guarujá Alerta”, que foi responsável por divulgar o boato da suposta sequestradora com o retrato falado falso.