Ricardo Barollo, depois de sua prisão: economista é acusado de tentar criar, junto com seus correligionários um novo país, sem judeus, negros e homossexuais, chamado “Neuland”| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo/Arquivo

Cronologia

Relembre os principais pontos da prisão de Barollo:

20 de abril – Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waechter Ferreira, 21, são mortos em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, quando saíam de uma festa em homenagem ao ditador alemão Adolf Hitler.

2 de maio – Depois da publicação de uma matéria da Gazeta do Povo revelando que o casal foi morto em uma disputa de poder dentro do movimento neonazista, a polícia apresenta seis pessoas acusadas de terem planejado e executado o crime contra o casal.

6 de maio – A Polícia Civil promove a reconstituição do crime.

12 de maio – O Ministério Público do Paraná indicia os seis acusados por homicídio e apologia ao nazismo.

2 de julho – O Tribunal de Justiça acata o pedido de habeas-corpus impetrado pela defesa de Ricardo Barollo, acusado de ser mandante do crime.

3 de julho – Barollo é liberado para responder ao processo em liberdade.

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Deputados criam comissão para apurar crimes de intolerância

Uma Comissão Externa formada por seis deputados federais vai ajudar nas investigações sobre a atuação de grupos neonazistas no Brasil. A primeira ação será solicitar o apoio da Polícia Federal ao trabalho que já vem sendo desenvolvido pelas polícias civis do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Os parlamentares também vão encaminhar um requerimento de informações ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o julgamento de pedidos de extradição de nazistas.

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Projeto criminaliza revisionismo

O deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) é autor de um projeto de lei que criminaliza a negação do holocausto. O texto sugere multa e prisão de um a três anos para quem defender publicamente a tese de que não houve o genocídio de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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Entrevistas

A Gazeta do Povo entrou em contato com um adepto do nacional-socialismo que mora no interior paulista, para falar sobre os principais aspectos da ideologia. Ele pediu para não ser identificado por motivos de segurança. Já o historiador Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná, afirma que o genocídio de judeus na Segunda Guerra Mundial é incontestável.

Confira a entrevista com o historiador Dennison de Oliveira

Confira a entrevista com um adepto do nacional-socialismo

O economista Ricardo Barollo, 34 anos, deixou a carceragem do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) na última sexta-feira. Acusado de ter mandado matar o casal Bernardo Dayrell, 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21 anos, quando eles saíam de uma festa neonazista, Barollo foi beneficiado por uma decisão unânime da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Os desembargadores acataram o pedido de habeas corpus impetrado pelo advogado de Barollo, Adriano Sérgio Nunes Bretas.

Bretas argumentou que por ser réu primário, ter residência fixa e não ter resistido à prisão, Barollo poderia responder ao processo em liberdade. "O Barollo seguiu para São Paulo, onde tem residência e emprego. Mas antes avisou o juiz e colocou-se à disposição para qualquer esclarecimento", afirmou o advogado.

O advogado quer uma acareação entre Barollo e os demais réus do processo, que confessaram ter matado o casal. "Soube pela imprensa que houve um processo de delação premiada em que esses réus acusaram meu cliente. Precisamos colocá-los cara a cara", disse o advogado, reafirmando que o economista nega ser o mandante do crime, mas só irá falar sobre o caso em juízo.

Os demais acusados de terem participação no crime são Rosana Almeida, 22 anos; Jairo Maciel Fischer, 21; Gustavo Wendler, 21; Rodrigo Motta, 19; e João Guilherme Correa, 18. Todos permanecem presos.

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Bretas também afirma que existem ao menos 20 itens do processo que podem ser questionados. Uma das principais argumentações do advogado diz respeito ao fato de que a investigação passou da tutela da autoridade policial civil de Quatro Barras para o Cope. Segundo Bretas, a mudança se baseou em uma denúncia anônima e o Cope abandonou outras linhas de investigação, que anteriormente também estavam sendo consideradas.

O delegado do Cope, Francisco Caricati, disse que não houve delação premiada e que os cinco acusados apontaram Barollo como o mandante do crime. O delegado disse também que existem elementos suficientes para o indiciamento do economista. Entre os indícios estão o contato com os outros acusados antes e depois do crime, além de outras provas que foram anexadas ao processo. "Existem indícios de que Barollo foi o mandante do crime e foi a partir deles que a investigação se pautou. Agora temos de aguardar o que a Justiça decidirá sobre o caso", afirmou Caricati.

O crime

Segundo as investigações, Barollo e Dayrell estariam disputando poder dentro de organizações neonazistas em Curitiba e São Paulo. Desse modo, a mando de Barollo, teria sido planejada uma emboscada contra o casal, que organizava uma festa em homenagem ao ditador alemão Adolf Hitler.

Os dois universitários teriam sido atraídos para fora da festa por Rosana, que afirmou estar passando mal e pediu carona para voltar para Curitiba. Correa, Motta e Fischer teriam seguido o casal em um outro veículo. E, quando já estavam retornando para a festa, Wendler (que também estava no carro junto com o casal) teria pedido que parassem no acostamento. Bernardo e Renata teriam sido obrigados a descer do carro. Os dois universitários foram assassinados com tiros na cabeça, supostamente por Correa e Fischer – que seguiam no veículo de trás. Logo após o crime, os acusados teriam ligado para Barollo, que estava em São Paulo, afirmando que a "missão" havia sido cumprida e pedindo que um advogado fosse contratado, caso a autoria do assassinato fosse descoberta.

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Neonazismo

A organização neonazista no Paraná tem o objetivo de criar um novo país, o qual teria uma Constituição própria e seria "livre da influência semita". Esse novo país seria chamado de "Neuland" (Terra Nova, em alemão) e deveria ser organizado na Europa – apesar de ser voltado aos brasileiros – para que pudesse ser livre da presença de negros, homossexuais e, principalmente, judeus.