Um adolescente morreu com suspeita de dengue hemorrágica em Paranaguá, Litoral do Paraná, na última segunda-feira (21). Carlos Eduardo Carvalho, de 12 anos, foi diagnosticado com dengue, passou por tratamento e recebeu alta no início da semana passada, mas voltou ao hospital e não conseguiu mais reagir.
Nesta terça (23),a Prefeitura de Paranaguá confirmou que a Secretaria de Estado Saúde (Sesa) investiga se as mortes do adolescente e de uma mulher de 34 anos podem estar relacionadas com o vírus da dengue. Se confirmada a relação, o número de óbitos por dengue no município sobe para 18.
Os familiares do adolescente contam que ele foi diagnosticado com dengue e recebeu alta no início da semana passada, mas na sexta-feira (18) se sentiu mal e no sábado (20) foi levado ao Hospital Paranaguá, que presta atendimento particular.
“Ele estava com uma infecção na garganta, mas o pediatra não deu muita atenção pra isso. A partir dali veio a pneumonia. No domingo, levei na UPA (Unidade de Pronto Atendimento, onde são atendidos os casos de dengue) e na segunda-feira voltou para o Hospital Paranaguá”, conta o pai Edilson dos Santos de Carvalho. Depois disso, o menino foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição privada, mas não resistiu. Segundo o pai, faltou atenção à “junção dos problemas”.
“Eu atribuo isso ao descaso da população que não está dando o devido valor para esse problema. Quantos Eduardos ainda vão ter que morrer? A prefeitura recebeu milhões e ninguém faz nada”, desabafa Helena Santos, tia do menino.
Até a publicação desta reportagem, a direção do Hospital Paranaguá não havia informado a causa da morte levantada pela equipe médica, não confirmando, assim, se pode ou não ser consequência da dengue. Por telefone, a direção da instituição falou que “está levantando os fatos, os prontuários e irá se pronunciar assim que houver uma conclusão sobre o caso”.
Quanto ao atendimento prestado na UPA, a reportagem da Gazeta do Povo procurou a prefeitura de Paranaguá, que disse lamentar a morte do garoto. Em nota, o executivo informou que a equipe médica do Centro de Referência de combate à dengue tomou o procedimento padrão necessário para o caso do menino. “Tudo o que era possível foi feito pelos profissionais da Semsa no local”, afirmou a administração municipal.
Colegas em luto
Aluno do 8º ano no Colégio Jerusalém, Carlos Eduardo frequentou as aulas na semana passada e parecia estar bem. “Fez até aula de educação física na quinta e na sexta-feira”, contam os colegas de sala. Na segunda-feira ele já não pôde ir até o colégio e na terça, por volta das 11h30, a direção do colégio comunicou aos alunos a morte de Carlos Eduardo.
Os amigos de escola fizeram questão de prestar as últimas homenagens ao garoto e acompanhar o enterro, que ocorreu nesta quarta-feira (23). Alguns amigos depositaram flores sobre o túmulo.
“Ele era bom aluno, tirava notas boas. Era um pouco tímido, mas sempre conversava com a gente. Na sexta-feira ainda brincamos que ele estava com um perfume bom”, contam algumas meninas da sala.
Os amigos contam ainda que Carlos Eduardo gostava de conversar sobre caminhões e que tinha predileção pela fabricante Scania. “Não importava sobre o que estávamos conversando, ele dava um jeito de levar para o assunto dos caminhões”, lembram.