Um adolescente morreu com suspeita de dengue hemorrágica em Paranaguá, Litoral do Paraná, na última segunda-feira (21). Carlos Eduardo Carvalho, de 12 anos, foi diagnosticado com dengue, passou por tratamento e recebeu alta no início da semana passada, mas voltou ao hospital e não conseguiu mais reagir.
Protesto reúne mil pessoas em Paranaguá
Cerca de mil pessoas – de acordo com os organizadores – foram às ruas de Paranaguá na noite desta quarta-feira (23) pedindo mais atenção do poder público e da população para a epidemia de dengue que vive o município.
Com velas, cruzes, faixas de protesto e um caixão simbólico, o grupo saiu da Praça Portugal, próximo ao Centro de Referência de Combate à Dengue, e seguiu até a Praça dos Leões, em frente ao prédio da prefeitura municipal. Lá, fez algumas orações e depositou os objetos na entrada do prédio.
“Nós estamos no limite. O que aconteceu ontem (a morte do menino Carlos Eduardo) foi o estopim. Se falta competência para solucionar esse problema, tem que pedir ajuda. As coisas não podem continuar assim, os pacientes recebem alta do hospital pra morrer em casa”, relata, emocionada, Márcia Closs, organizadora do ato.
Os familiares do adolescente Carlos Eduardo e de Alessandra Matoso Santos - outra possível vítima da dengue na cidade – estiveram na “manifestação silenciosa” e pediram mais sensibilidade.
“Nós pagamos um preço muito alto pelo descaso. Quando acontece com alguém próximo, com uma criança indefesa, a gente precisa implorar que a população limpe seu quintal”, lamenta a tia do adolescente, Helena Santos.
Nesta terça (23),a Prefeitura de Paranaguá confirmou que a Secretaria de Estado Saúde (Sesa) investiga se as mortes do adolescente e de uma mulher de 34 anos podem estar relacionadas com o vírus da dengue. Se confirmada a relação, o número de óbitos por dengue no município sobe para 18.
Os familiares do adolescente contam que ele foi diagnosticado com dengue e recebeu alta no início da semana passada, mas na sexta-feira (18) se sentiu mal e no sábado (20) foi levado ao Hospital Paranaguá, que presta atendimento particular.
“Ele estava com uma infecção na garganta, mas o pediatra não deu muita atenção pra isso. A partir dali veio a pneumonia. No domingo, levei na UPA (Unidade de Pronto Atendimento, onde são atendidos os casos de dengue) e na segunda-feira voltou para o Hospital Paranaguá”, conta o pai Edilson dos Santos de Carvalho. Depois disso, o menino foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição privada, mas não resistiu. Segundo o pai, faltou atenção à “junção dos problemas”.
“Eu atribuo isso ao descaso da população que não está dando o devido valor para esse problema. Quantos Eduardos ainda vão ter que morrer? A prefeitura recebeu milhões e ninguém faz nada”, desabafa Helena Santos, tia do menino.
Até a publicação desta reportagem, a direção do Hospital Paranaguá não havia informado a causa da morte levantada pela equipe médica, não confirmando, assim, se pode ou não ser consequência da dengue. Por telefone, a direção da instituição falou que “está levantando os fatos, os prontuários e irá se pronunciar assim que houver uma conclusão sobre o caso”.
Quanto ao atendimento prestado na UPA, a reportagem da Gazeta do Povo procurou a prefeitura de Paranaguá, que disse lamentar a morte do garoto. Em nota, o executivo informou que a equipe médica do Centro de Referência de combate à dengue tomou o procedimento padrão necessário para o caso do menino. “Tudo o que era possível foi feito pelos profissionais da Semsa no local”, afirmou a administração municipal.
Números crescem
O boletim da dengue divulgado pela Sesa na terça-feira (22) mostra 3.322 casos de dengue em Paranaguá, sendo que 3.088 foram contraídos na própria cidade. Além disso, 16 mortes pela doença foram confirmadas no município.
A tendência é que os números cresçam ainda mais nos próximos dias, já que o pico da epidemia está previsto para o mês de abril.
Colegas em luto
Aluno do 8º ano no Colégio Jerusalém, Carlos Eduardo frequentou as aulas na semana passada e parecia estar bem. “Fez até aula de educação física na quinta e na sexta-feira”, contam os colegas de sala. Na segunda-feira ele já não pôde ir até o colégio e na terça, por volta das 11h30, a direção do colégio comunicou aos alunos a morte de Carlos Eduardo.
Os amigos de escola fizeram questão de prestar as últimas homenagens ao garoto e acompanhar o enterro, que ocorreu nesta quarta-feira (23). Alguns amigos depositaram flores sobre o túmulo.
“Ele era bom aluno, tirava notas boas. Era um pouco tímido, mas sempre conversava com a gente. Na sexta-feira ainda brincamos que ele estava com um perfume bom”, contam algumas meninas da sala.
Os amigos contam ainda que Carlos Eduardo gostava de conversar sobre caminhões e que tinha predileção pela fabricante Scania. “Não importava sobre o que estávamos conversando, ele dava um jeito de levar para o assunto dos caminhões”, lembram.
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