O advogado Zanone Júnior, que defende o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar a ex-amante do goleiro Bruno, Elisa Samudio, disse que encaminhou, na tarde desta segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma reclamação sobre a condução do inquérito.

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Zanone Júnior reclama ao STF que a Polícia Civil de Minas Gerais se recusa a entregar cópias dos autos do caso Bruno aos defensores. O advogado explicou que na petição invoca a súmula vinculante nº 14 do STF que observa o direito irrestrito dos advogados a terem acesso aos inquéritos relacionados a seus clientes. Zanone espera que os magistrados reconheçam ilegalidade na medida e concedam habeas corpus para o ex-policial. Segundo Zanone, orientado pela defesa, Bola respondeu a 38 perguntas na Delegacia de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa de Minas Gerais dando a todas a mesma resposta: "Me reservo no direito de só falar em juízo".

O ex-policial civil foi agraciado no dia primeiro de agosto do ano passado, com a condecoração especial por serviços prestados à Polícia Civil de Minas Gerais. Ele recebeu um troféu das mãos do então chefe do Grupo de Resposta Especial (GRE), tropa de elite da polícia mineira, Julio Cesar Monteiro de Castro, irmão do chefe da Polícia Civil, Marco Antonio Monteiro.

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Julio Cesar, que aparece em imagens exigidas neste domingo (11) pelo "Fantástico", programa da TV Globo, ao lado de Bola durante um treinamento do GRE, alega que não sabia que Bola era um ex-policial naquela época. As gravações foram feitas entre 2007 e 2008, quando o acusado da morte da Eliza já havia sido expulso da polícia. A indicação do nome de Bola para ser homenageado foi feita pelo então subinspetor do GRE, Gilson Costa.

Na ocasião também foram agraciados o deputado estadual Durval Angelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, e o desembargador Delmival Campos.

Advogado diz que cliente não é conhecido como Neném

Zanone Junior afirmou também nesta segunda-feira que seu cliente não é conhecido como Neném. O apelido foi apontado em depoimento pelo menor de 17 anos, também envolvido no caso, como o da pessoa que matou a ex-amante do goleiro Bruno e, em seguida, jogou a mão da jovem para cachorros. Segundo o advogado, Marcos é conhecido como Bola, Paulista e até Marquinhos, mas não é chamado de Neném.

Perguntado sobre a acusação de que o ex-policial civil é suspeito num inquérito sobre o desaparecimento de dois jovens, que teriam sido mortos no sítio que aluga em Esmeraldas em 2008, Zanone Junior respondeu: "Não sei se essa senhorita está morta. Se ela está morta, não sei a forma como ela morreu e nem sei se ela obteve óbito nesse sítio. Sobre esses dois homicídios, não tive acesso a nenhum documento que tenha provas do envolvimento do meu constituinte. Na corregedoria, se é que isso existe, eu não tive acesso e não represento os interesses dele lá. Eu estaria especulando sobre uma informação que desconheço".

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O Ministério Público de Minas Gerais está investigando uma denúncia de que o local era usado para treinamento de integrantes de grupos de extermínio, sendo inclusive emprestado ao GRE.

Ércio Quaresma, que é advogado de Coxinha, Flávio Araújo e Elenilson Silva, também já adiantou que seus clientes não devem se pronunciar.

Faixa condenando o crime é colocada em sítio

Uma faixa, provavelmente colocada por policiais civis de Minas Gerais, amanheceu nesta segunda na porta do sítio em Esmeraldas. O cartaz traz as seguintes inscrições: "Nós policiais civis repudiamos o crime. Confiamos na Justiça e honramos a instituição"; "Inspetor Julio Cesar Monteiro de Castro, você é uma vergonha para a nossa instituição"; e "Denunciação caluniosa é crime 181, não é brincadeira".

Júlio Cesar, irmão do atual chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, foi chefe da GRE. Nesta segunda-feira, ele concedeu uma entrevista coletiva no escritório do seu advogado, em Belo Horizonte, para se defender das acusações decorrentes de imagens mostradas neste domingo pelo Fantástico e outras emissoras.

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