Londrina O Paraguai voltou a garantir que seu território está livre da febre aftosa, cancelou uma reunião com técnicos brasileiros e acusa a Agência Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) do Mato Grosso do Sul de pressionar pecuaristas brasileiros com propriedades no Paraguai para que admitam a contaminação do rebanho sob pena de responderem criminalmente pela omissão.
O cancelamento da reunião, marcada para esta quarta-feira em Assunção entre técnicos do Serviço Nacional de Controle Sanitário Animal (SENACSA) e do Iagro, foi motivada pela declaração do diretor do instituto brasileiro, João Cavallero, que acusou o Paraguai de ser "exportador de febre aftosa" e de omitir a presença da doença em seu território.
O Paraguai é considerado pela Organização Mundial de Saúde Animal livre de aftosa desde 2003, condição renovada em abril. O presidente do Senacsa, Hugo Corrales, afirmou em San Pedro de Ycumandyú, onde na semana foram constatadas rachaduras nos cascos de 16 animais, que não estavam contaminados. "Há 14 tipos de doenças que apresentam sintomas semelhantes aos da aftosa", observou. San Pedro está a poucos quilômetros da fronteira com o MS.
Segundo o jornal ABC Color, de maior tiragem no país, o diretor do Iagro enviou carta a diversos pecuaristas brasileiros com terras no Paraguai alertando-os de que, se continuarem omitindo ao órgão a incidência da doença em seu rebanho, poderão ser responsabilizados "civil e criminalmente".
O jornal divulgou uma carta, de autoria atribuída a Cavallero, dirigida a um pecuarista brasileiro que inicia afirmando que o Iagro foi informado, por meio do disque-denúncia, de que animais de propriedade do pecuarista estão com a febre aftosa.
Segundo a Senacsa, as exportações de carne do Paraguai cresceram 35% nos sete primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O país exportou 164 mil toneladas este ano contra 121 mil toneladas no ano passado. O faturamento com as vendas este ano é de US$ 237 milhões, 76% a mais que nos sete primeiros meses de 2005.