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Crise no campo

Agricultores poderiam repetir o PCC

Ribeirão Preto – O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), afirmou nesta sexta-feira que se o governo federal não resolver a crise da agricultura brasileira, a situação no interior do país poderá se agravar, "a exemplo do que aconteceu em São Paulo afora nos últimos dias". Maggi se referiu à onda de violência enfrentada pelos paulistas após ataques e rebeliões do Primeiro Comando da Capital (PCC), o que poderá vir dos agricultores.

O governador lembrou que produtores rurais de seu estado foram presos e fichados na última quinta-feira pela Polícia Federal em confrontos durante fechamento de rodovias. "Eu espero sinceramente que o problema seja resolvido no dia 25 para que as coisas não fiquem mais graves no interior do Brasil. Precisamos de paz e de tranqüilidade para voltar a produzir, caso contrário a situação vai ficar muito crítica", avaliou o governador, que visitou a Agrishow Ribeirão Preto, em São Paulo, principal feira agropecuária do país.

A próxima quinta-feira, dia 25, é o prazo dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anunciar um novo pacote agrícola, com possíveis medidas de prorrogação de dívidas e um plano de safra "com mais dinheiro, mais barato e menos juros", conforme afirmou o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

"Se no dia 25 vier um tirinho de (revólver) calibre 22, não sei como vai ser. Mas que a situação vai fugir do controle, ela vai", previu o governador mato-grossense.

Queda na arrecadação

Com o estado basicamente produtor de grãos, principalmente de soja, Maggi prevê uma queda na arrecadação de impostos de até 15% neste ano e já avalia que, mesmo com as possíveis medidas, já há uma intenção de queda de 10% no recolhimento de impostos ao final de 2006, o que representaria um rombo de R$ 800 milhões, além da perda de 100 mil empregos.

Na opinião do governador, mesmo com a pressão política feita por autoridades públicas ligadas ao agronegócio – como ele próprio – o ministro Rodrigues e o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), "quem manda no governo são o ministro da Fazenda e o do Planejamento". Ele ironizou ainda o corte no orçamento feito por Lula nesta semana, justamente após a promessa de ajuda aos agricultores. "Eu espero que o dinheiro (para os produtores) não saia do orçamento."

O governador não quis falar sobre a posição do seu partido nas eleições deste ano por, segundo ele, estar mais preocupado com a crise na agricultura. De acordo com ele, "tanto faz" se o partido optar por uma candidatura própria ou por uma coligação.

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