A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou que ainda não está clara a relação do vírus da zika com a microcefalia -má formação do cérebro que pode comprometer o desenvolvimento infantil. Por isso, ela considera como prioridade o investimento em estudos sobre a associação da infecção com a anomalia neurológica.
Chan, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa Etienne e o ministro da Saúde, Marcelo Castro, estiveram nesta quarta-feira (24), no Recife, epicentro dos casos de microcefalia. A comitiva conheceu as ações do governo de Pernambuco e o trabalho do Instituto Materno Infantil Professor Antônio Figueira (Imip), um dos centros de referência no atendimento às crianças com a anomalia.
“É preciso chegar a fundo dessa questão que é inusitada. Vejo que estudos [sobre a associação do vírus da zika com a microcefalia] estão sendo feitos no Brasil e em outros países e eles são muito importantes”, afirmou Chan.
Ao todo 150 crianças com suspeita de microcefalia são atendidas no Imip. Dessas, 86 tiveram o problema confirmado por meio de exames de imagem. Segundo informações do hospital, nas crianças com o diagnóstico confirmado foram realizadas 21 análises do LCR (líquido cefalorraquidiano) e em nenhuma amostra foi encontrada o vírus da zika.
O Ministério da Saúde passou a considerar o vírus da zika como causa da microcefalia, em novembro de 2015, cerca de 40 dias depois das primeiras notificações, quando pesquisadores da Fiocruz encontraram o agente infeccioso no líquido amniótico de duas gestantes, cujos bebês foram diagnosticados com a doença por exames de ultrassonografia.
“Sem medo do Aedes”
A diretora-geral da OMS voltou a elogiar o Brasil pelas ações de combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e do vírus da zika, mas cobrou que o país assuma a liderança na eliminação do mosquito no continente.
“Nas décadas de 1950 e 1960 o Brasil conseguiu erradicar o Aedes. Será que vocês são capazes de fazer isso de novo? Não será fácil, mas se o Brasil tomar a liderança dessa erradicação conseguirá mobilizar os outros países da América”, disse Chan. Para a diretora, “não devemos ter medo do mosquito, mas é preciso continuar empreendendo todos os esforços para acabar com os criadouros”.
Durante a sexta passagem pelo Recife desde o início da epidemia de microcefalia, em outubro do ano passado, o ministro Marcelo Castro assinou com o presidente do Imip, Gilliatt Falbo, um protocolo de cooperação técnica para a qualificação dos profissionais de saúde.
No fim da manhã, a comitiva visitou o ambulatório infantil do Imip. Margaret Chan conversou com algumas mães e pegou alguns bebês microcéfalos, no colo. “Temos que pensar na angústia dessas mulheres e suas famílias. Precisamos, também, entender que tipos de problemas vamos enfrentar ao longo do desenvolvimento dessas crianças”, afirmou a diretora.
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