Um roubo ocorrido na última quinta-feira (22) em uma linha de ônibus que atende moradores do Pinheirinho, em Curitiba, terminou com um tiro dentro do coletivo. O desfecho mais violento do que o habitual nessas ações jogou luz sobre um problema que está longe de ser resolvido em Curitiba. Foram registrados 1.839 roubos a ônibus e estações-tubo entre janeiro e julho deste ano – 4,5% a mais do que o mesmo período do ano passado. Em média, são mais de sete roubos por dia.
Desde o ano passado, a Guarda Municipal de Curitiba e a Polícia Militar intensificaram as ações conjuntas para prevenir esse tipo de ocorrência, como a Operação Presença, a Operação de Proteção, Prevenção e Segurança dos Usuários do Transporte Coletivo e também a “Fim da Linha”. A primeira intensificou o policiamento por guardas municipais em tubos e terminais da cidade. Nas duas últimas, policiais param veículos para revistar passageiros.
A eficácia dessas operações, entretanto, não é corroborada pelos números. Uma operação realizada em novembro de 2015 com o apoio da Polícia Civil até trouxe resultado. Na ocasião, três revolveres de brinquedo foram apreendidos. Mas a última delas, no mês de agosto passado, resultou na lavratura de apenas um termo circunstanciado contra um passageiro que foi flagrado com drogas para uso pessoal.
Além disso, a quantidade de roubos ao transporte coletivo voltou a crescer. Depois de uma queda de 14% entre 2014 e 2015, houve alta geral de 4,5% na comparação dos sete primeiros meses deste ano com o mesmo anterior – seguindo tendência de recrudescimento dos crimes contra o patrimônio na cidade.
Mas o crescimento é ainda maior levando em consideração apenas os casos dentro dos veículos. Entre janeiro e julho deste ano, foram 596 casos no interior de ônibus na capital. No mesmo período do ano anterior, foram 511. A alta foi de 17% no período.
Tecnologia
Apesar de a presença ostensiva da polícia ser fundamental para coibir roubos, no caso do transporte coletivo, especialistas apontam para a necessidade de ela vir acompanhada de equipamentos de tecnologia, uma vez que é menos custoso colocar câmeras e diminuir a circulação de dinheiro dentro dos ônibus do que ter um policial em cada uma das 250 linhas urbanas da Rede Integrada de Transportes.
Todas as estações-tubo e terminais da cidade já têm câmeras de monitoramento. Ao todo, são 622 câmeras apenas do transporte, fora as câmeras de vigilância. Nos ônibus, esse é um dos itens que passará a ser obrigatório quando as empresas retomarem a renovação da frota – hoje suspensa por causa de uma liminar obtida pelos empresários na Justiça.
A redução na circulação de dinheiro na catraca também é aliada no combate a esse tipo de crime. Mas Curitiba ainda tem 38% das passagens pagas em moeda corrente. A prefeitura tem tentando ampliar os pagamentos em meio eletrônico. Na atual gestão, o porcentual dessa modalidade subiu de 53% em junho de 2014 para 62% atualmente. Mas o volume de dinheiro ainda é grande.
Em São Paulo, por exemplo, apenas 6% dos passageiros não pagam com o Bilhete Único. Lá, no ano passado, a média de roubos ao transporte coletivo foi de 1,4 ao dia.