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Uma área de 688 mil km² na floresta amazônica já está dividida em lotes para exploração de petróleo e de gás natural. Os blocos demarcados coincidem com as áreas mais bem preservadas e de maior biodiversidade da Amazônia. Cerca de 71% desse território fica na Amazônia peruana, mas há regiões no Brasil, na Bolívia, no Equador e na Colômbia. O levantamento foi feito por pesquisadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), e pelas ONGs norte-americanas Terra é Vida e Salvem as Florestas das Américas. O estudo será publicado amanhã (13) na "Public Library of Science" (www.plos.org).

Segundo a pesquisa, cerca de 495 mil km² já foram concedidos a empresas para atividades de exploração e produção de petróleo e de gás natural. O resto foi demarcado, mas ainda será leiloado.

Nos últimos quatro anos, aumentou o ritmo de demarcação dos blocos para exploração no Peru. Em 2004, eram apenas oito. Hoje, já somam 64. A empresa pública responsável pelo leilão dos lotes é a PerúPetro S.A.

Para Cecília Flores, da Gerência de Relações Comunitárias da PerúPetro, o País não pode prescindir do petróleo e do gás natural para seu crescimento industrial. Mas afirma que o Peru aprendeu com os erros das décadas de 1970 e 1980, quando surgiram vários povoados ao redor dos campos de petróleo, favorecendo o desmatamento. "Hoje, nós possuímos uma legislação socioambiental avançada", afirma Cecília.

Ela aponta que, entre as diversas atividades econômicas baseadas na floresta, a exploração de petróleo é a menos invasiva. "Os protocolos das empresas (para evitar impactos sociais e ambientais) costumam ser mais exigentes do que a própria legislação", justifica.

AMAZÔNIA BRASILEIRA

No Brasil, toda exploração está concentrada na bacia do rio Solimões. Duas empresas atuam na região: Petrobras e a argentina Oil M&S. Por enquanto, só o campo de Urucu, pertencente à Petrobras, está em produção. Cerca de 10% da área utilizada para exploração de petróleo na Amazônia ocidental encontra-se no País.

Para Clinton Jenkins, co-autor do trabalho e pesquisador da Universidade Duke, a primeira recomendação para o Brasil é explorar petróleo sem abrir estradas para impedir o surgimento de novos aglomerados urbanos na floresta. "Não vai ser difícil para a Petrobras, acostumada a condições de exploração adversas", afirma Jenkins. Ele lembra que a estatal brasileira tentou construir uma rodovia no Parque Nacional de Yasuní, no Equador, depois de adquirir um bloco para exploração na região. A comunidade local reagiu e a empresa adotou formas alternativas de escoar a produção. Yasuní é uma das regiões com maior biodiversidade no planeta.

Joelson Mendes, gerente geral da Unidade de Negócios da Petrobras na Amazônia, afirma que também não há estradas ligando Urucu às cidades da região. A produção é enviada por dutos de 280 quilômetros de extensão até Coari (AM), onde é embarcada em petroleiros que navegam o rio Solimões. O transporte de funcionários é feito de avião.

Segundo Mendes, a Petrobras pretende investir R$ 3 bilhões na Amazônia nos próximos anos. "Mas vamos utilizar o mesmo critério de produção sustentável: não abriremos estradas".

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