Foram enterrados no final da manhã desta quinta-feira (24) o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinado a tiros na terça-feira (24) em Nova Ipixuna, no Pará.
Segundo a irmã de José Cláudio, Claudelice, o enterro foi acompanhado por cerca de 3 mil pessoas, entre eles integrantes de movimentos agrários e ambientais. "Todas as lideranças dos movimentos fizeram um pequeno discurso de despedido no enterro", disse Claudelice.
O cortejo percorreu as ruas da cidade de Marabá, levando os corpos até o cemitério da cidade, onde foram enterrados. "Nos reunimos logo cedo pela manhã com vários movimentos sociais para fazermos esta passeata em homenagem a eles e como protesto. Estou muito emocionada, levando meu irmão e minha cunhada para um lugar de onde eles não terão volta", disse ela.
O delegado Silvio Maués, diretor de Polícia Judiciária do Interior no estado do Pará, diz que o casal não havia registrado boletim de ocorrência de ameaça na Polícia Civil. "Eles não tinham feito boletim de ocorrência nenhum de ameaça. A família tem o direito de estar bastante abalada neste momento e todos os dados que estão sendo trazidos por eles estão sendo investigados. Trabalhamos com várias hipóteses, ainda é cedo para falar", disse ao G1 Maués.
Já Claudelice Silva dos Santos afirma que o casal possuía inimigos e que as vítimas teriam registrado queixas pelas ameaças constantes que sofriam. "Os dois já haviam registrado as ameaças na imprensa, no Ibama e feito representação no Ministério Público Federal. É preciso registrar um boletim para a polícia saber? Alegar agora que não se sabia que eles eram ameaçados é ridículo", questionou a irmã de José Cláudio.
Meu irmão e minha cunhada faziam denúncias de desmatamento, grilagem de terras e sempre foram ameaçados, mas nunca imaginamos que essas ameaças seriam consolidadas. Eles já tinham ido várias vezes para a imprensa, para jornais, para reclamar das ameaças, isso é público", diz Claudelice.Depoimentos
O crime ocorreu quando o casal deixava uma comunidade rural em Nova Ipixuna (PA). O delegado entendeu que o caso se tratou de "uma emboscada".
"Estamos ouvindo os depoimentos de várias testemunhas que viviam com eles e moravam na região. Não dá para dizer ainda quem são os executores", acrescentou Maués. Ele disse que não há testemunhas presenciais do crime e não confirmou se a Polícia Civil pediu a quebra do sigilo telefônico do casal.
Segundo o delegado, a responsabilidade de investigar o crime é da Polícia Civil do estado, que abriu um inquérito na delegacia de conflitos agrários de Marabá para apurar o caso.
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