As ameaças fazem com que ativistas tenham de se ausentar de suas atividades para se esconder. Perseguida após denunciar a retirada ilegal de madeira na Amazônia, a agricultora Nilcilene Miguel de Lima, 45 anos, por exemplo, teve de deixar sua casa, em um assentamento na cidade de Lábrea (AM), para viver escondida. "Estou sendo caçada pior que uma caça porque a caça tem jeito de se esconder no mato", diz.

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Antes da fuga, ela tinha sido espancada e teve a casa incendiada. A agricultora diz que fez denúncias sobre as ameaças, mas ninguém foi preso. "Não sei mais em quem acreditar. Só acredito em Deus. Não quero morrer." Ela acredita que, se algo acontecer, o Estado será culpado. "Estou pedindo ajuda, estou pedindo socorro, eu quero viver."

Mesmo sem proteção e vivendo escondida, Nilcilene diz que não se arrepende de ter feito as denúncias. "Não me arrependo não. Posso morrer, mas morro honesta. O meio ambiente tem que ter quem o defenda", afirma. "Não estou arrependida. Pelo menos a minha parte eu fiz."

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O militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Paraná Samir Ribeiro, 35 anos, também teve de se isolar devido a ameaças anônimas e ficou distante dos parentes para evitar um mal maior. Ele chegou a sofrer uma tentativa de assassinato em 2005. Hoje, não sofre ameaças e, assim como Nilcilene, se precisar voltar a atuar na linha de frente das ocupações, aceitará o desafio.

Já o agricultor Iolando Wojcik, presidente da ONG Eco-Rios em Contenda, região metropolitana de Curitiba, resolveu não fazer mais denúncias sobre as irregularidades cometidas contra o meio ambiente após as ameaças recebidas. "Não adianta fazer denúncia, só vai botar em risco a família", afirma.