Nem tudo é ruim no nosso SUS
É só falar em saúde pública que o brasileiro torce o nariz. A despeito disso e diante do desespero dos norte-americanos às voltas com seu próprio sistema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou. Disse que dará um conselho ao presidente americano, Barack Obama, na próxima vez que o encontrar. "Vou falar para ele: Obama, faça um SUS. É barato e de qualidade." Lula, claro, virou motivo de chacota, diante de todas as deficiências do modelo nacional de saúde pública.
Se for urgente, só resta rezar
No ano passado passei por sérios problemas de saúde. Tinha dores de cabeça terríveis que não passavam nem com medicamentos. Fui a postos de saúde diversas vezes e um dia um médico chegou a me receitar um simples remédio, sem nem me examinar.
O SUS foi uma bênção para mim
Há três anos luto contra um câncer no útero. Infelizmente descobri a doença já em um estágio muito avançado. Certo dia comecei a ter um sangramento semelhante à menstruação que se transformou em uma hemorragia. Depois de exames descobri que era um tumor maligno.
Dois sistemas, um mesmo desafio
Existe uma diferença fundamental entre os sistemas públicos de saúde do Brasil e dos Estados Unidos. Enquanto o SUS tem abrangência universal na teoria, mas não atende a demanda, os programas americanos oferecem atendimento de primeira qualidade, mas para uma parcela muito pequena da população.
O sistema americano de saúde pública não é e nem deve ser, num futuro próximo, universal, isto é, acessível a toda a população. A reforma americana proposta pelo presidente Barack Obama contempla apenas a inclusão de cerca de 50 milhões de norte-americanos no sistema de saúde pública, expandido o benefício para todas as famílias que ganhem até US$ 33 mil por ano. Mesmo assim, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, já disse que vai sugerir a Obama que ele implante um Sistema Único de Saúde (SUS) por lá, a exemplo do modelo brasileiro. Mas isso seria possível? Especialistas ouvidos pela reportagem se dividem sobre o assunto.
O consultor em saúde Eugênio Vilaça Mendes é categórico. "Isso é bobagem", diz. Segundo ele, nos EUA não há lugar para um sistema público de saúde. "Para isso, é preciso uma sociedade que prevê equidade. Esse não é um valor da sociedade americana", opina. Para Mendes, os americanos almejam um sistema universal como o dos vizinhos canadenses, mas, por outro lado, não estão dispostos a pagar mais impostos para financiá-lo.
Para o professor de Saúde Coletiva da Universidade Positivo Moacir Ramos Pires, a hipótese é remota. "Os EUA precisam de uma reforma para melhorar a cobertura, mas, como o sistema lá é eminentemente privado, eles teriam dificuldade em adaptar o SUS para eles." Pires lembra que os americanos temem que empresas de seguro de saúde venham à falência. "Nós passamos por isso na década de 80. Para quem tinha carteira assinada, o Inamps tinha bons serviços. Só haveria mercado para os planos de saúde se o sistema público fosse deficitário", analisa.
Já para o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Gilberto Martin, um SUS é justamente do que os americanos precisam. "Muitas coisas do SUS poderiam ser úteis para eles", diz. Para a superintendente da secretaria Municipal de Saúde, Eliane Chomatas, o SUS poderia servir de modelo para os americanos, mas haveria dificuldades. "Há situações que poderiam ser incorporadas por eles e adaptadas. Mas teria de ter um grande esforço, porque os EUA não têm uma atenção primária forte".
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