Ruas vazias e bares cheios. Os rostos tensos de pessoas que vestem as camisetas de seus times. Esse fenômeno acontece em Londrina em duas situações: final de Copa do Mundo ou na final do campeonato paulista de futebol. Com a mesma força que o londrinense possui uma resistência histórica aos times da capital paranaense, ele declama seu amor pelos times paulistas.
Não é à toa que a primeira loja de produtos do Corinthians fora do estado de São Paulo está localizada na cidade. E os motivos são mercadológicos. "Foi realizado um estudo que identificou o Norte do Paraná com um local onde havia a concentração de muitos corintianos. São muitas comunidades na internet, pedidos nas lojas virtuais entre outros", disse o gerente da loja Poderoso Timão, Alysson Palhano Soriano.
A relação com São Paulo extrapola os campos de futebol e acompanha a história de Londrina, que recebeu muitos migrantes de diferentes regiões do país e, sobretudo, do estado vizinho. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a participação de estudantes paulistas também é representativa e forma as novas famílias londrinenses, mas com vínculos econômicos e afetivos paulistas.
O comerciante Cristiano Espírito Santo Perri é o único da família a ter nascido em Londrina. Os pais e os dois irmãos mais velhos nasceram na cidade de Catanduva (SP). "Meu pai veio para Londrina em 1969 para expandir o mercado de café e minha mãe veio logo depois. Mas as nossas férias sempre foram na cidade natal deles". Ele diz não gostar muito de ver São Paulo ser uma referência para o londrinense, mas é vencido até mesmo em casa. "Minha avó é daquelas que diz com orgulho que São Paulo é a locomotiva do país e outros estados são os vagões", conta. E na hora de revelar o time para que torce, ele não pensa duas vezes em revelar o coração tricolor. "Sou são-paulino."