A falta de médicos no sistema de saúde brasileiro foi consenso entre os debatedores do primeiro dia do 2º Fórum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha de S.Paulo nesta segunda (11). As soluções apontadas, contudo, divergem.

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Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), manteve a posição crítica da entidade em relação ao programa Mais Médicos, do governo federal. Segundo ele, relatório do tribunal de Contas da União identificou que 40% dos municípios em que o programa foi implementado registraram uma queda no número de consultas.

Além disso, ele afirma que médicos brasileiros teriam perdido postos em favor dos médicos intercambistas.

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A ampliação de vagas nos cursos de medicina -uma das principais propostas defendidas pelos críticos dos Mais Médicos- foi questionada.

Milton Martins, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), projeta que, no ritmo atual de expansão de vagas, chegaremos a uma taxa de 4,4 médicos por 1.000 habitantes, número superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, em detrimento da qualidade da formação profissional.

Para Martins, o número de médicos que o Brasil necessita depende do modelo de sistema de saúde que escolhermos. Modelos baseados em medicina familiar e equipes centradas em um clínico geral, por exemplo, exigiriam menos profissionais do que o atual modelo centrado no médico especialista.

“O Brasil é um dos poucos países que não tem parteiras profissionais. Toda nossa atenção obstétrica é concentrada no médico”, disse Mário Dal Poz, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Para ele, investir em formação também não é suficiente para lidar com os problemas de curto prazo do sistema de saúde nacional.

Meinão, da APM, concorda que uma equipe bem formada é necessária para melhorar o atendimento, mas defende que elas tenham estabilidade. Essa é, ao lado de infraestrutura, um dos meios de fixar médicos em regiões em que há déficit de profissionais, afirma ele.

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A má distribuição de médicos, para os debatedores, não é um problema exclusivo brasileiro. Martins, da USP, cita exemplos de experiências no exterior, que mostraram que a residência é um caminho para fixar médicos em áreas pouco atrativas. Ele ressalta, contudo, que a residência é possível apenas onde exista infraestrutura adequada.