Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Morro abaixo

Antonina volta a ficar sem água

Mesmo com pouca água, a professora Rosana Gonçalves limpou sua casa ontem, na região central de Antonina. Não há previsão para o abastecimento ser normalizado | Walter Alves/Gazeta do Povo
Mesmo com pouca água, a professora Rosana Gonçalves limpou sua casa ontem, na região central de Antonina. Não há previsão para o abastecimento ser normalizado (Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo)

Um novo deslizamento de terra na região do bairro Quilômetro 4, em Antonina, voltou a prejudicar o abastecimento de água ontem na cidade. O deslizamento ocorreu por volta das 3 horas da madrugada, em um morro que está instável desde o último sábado, nas proximidades da PR-408, no acesso a Antonina. O sistema de abastecimento foi interrompido em 40% do município. Além do Quilômetro 4, outros seis bairros ficaram sem água: Centro, Barigui, Saivá, Caixa D´Água, Tucunduva e Batel. Os prejuízos causados pela chuva no litoral, de acordo com a Defesa Civil, já chegam a R$ 104 milhões.Segundo o Serviço Autô­no­­mo Municipal de Água e Esgoto (Sa­­mae), não há previsão para o serviço terminar na região do Quilô­­metro 4. O abastecimento também foi prejudicado porque dutos de captação em morros estouraram devido à pressão causada por outros deslizamentos. O Samae informou que a concessionária de ferrovias América Latina Logística (ALL) vai doar trilhos que serão utilizados para escorar os canos.

Mesmo com a instabilidade no abastecimento (na quarta-feira o Samae teve de paralisar o fornecimento porque o volume nos reservatórios reduziu rapidamente), pessoas que tiveram suas casas afetadas tentavam ontem retirar a sujeira com pás e rodos. Pela ma­­nhã, a professora Rosana Gonçal­­ves e o marido Marcos tiravam o barro de dentro de casa e lavavam um sofá. O casal mora na região central de Antonina, onde várias ruas foram afetadas. Apesar de a casa estar bastante suja – havia baratas e ratos mortos –, a família continua dormindo no local. "A gente só quer água para limpar a casa. Com isso, já conseguiríamos levar a vida", diz Rosana, que está sem trabalhar por causa da paralisação das aulas.

Na casa do autônomo Hezron Cecyn, só aparelhos eletrônicos e portáteis se salvaram. Ele e o filho dormem dentro do carro, um Gol, onde também ficam roupas e mantimentos. O colchão que utilizam no banco traseiro foi doado por um amigo. "Daqui a pouco tem uma epidemia de leptospirose e ninguém foi vacinado", diz Hez­­ron. Segundo a prefeitura, não foram registrados casos da doença. O secretário municipal de Saúde, José Paulo Vieira Azim, diz que haverá vacinas para a população, mas não sabe quando.

Quatro retroescavadeiras e oito caminhões retiram a lama das ruas da cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, 95 homens trabalham na limpeza, 30 deles cedidos pelo governo do estado.

Entre os setores mais prejudicados pela chuva no estado estão a habitação, com prejuízos de R$ 60,152 milhões, estradas (R$ 11,752 milhões) e áreas agrícolas (R$ 10,063 milhões). Pelo menos 461 pessoas estão abrigadas em escolas e igrejas. Desde o início das chuvas, 2.499 pessoas ficaram desabrigadas e 14,3 mil desalojadas. O total de residências danificadas no estado chega a 3,9 mil. Quatro pessoas morreram: duas em Antonina, uma em Morretes e uma em Honório Serpa, no Su­­doeste do estado.

Abrigo tem piscina de bolinha e cama elástica

Entre as cidades afetadas pela chuva, Antonina é a que tem o maior número de pessoas em abrigos – 267, segundo boletim de ontem da Defesa Civil do Paraná. O número, no entanto, pode ser maior. A reportagem percorreu ontem cinco locais que servem como abrigo e constatou a presença de 338 pessoas: Escola Municipal Gil Feres (cerca de 190 pessoas), Igreja Batista (75), Pres­biteriana (20), Escola Municipal Moysés Lupion (38) e Igreja Adven­tista (15). De acordo com a Defesa Civil, a cidade tem ainda 6 mil desalojados e cerca de 7,5 mil pessoas afetadas.

No abrigo da escola Gil Feres, dez salas de aula servem para alojamento e outros locais foram separados para armazenar água, mantimentos e produtos de limpeza e higiene. Em uma das salas, roupas e calçados doados são organizados para serem distribuídos. Quinze voluntários atuam na escola, além de serventes, merendeiras e professores. A prefeitura cedeu uma cama elástica para as crianças, uma piscina de bolinha e uma mesa de pingue-pongue.

O horário máximo de retorno ao abrigo é às 22 horas e há avisos espalhados pela escola, como o de não fazer refeições nos "quartos". O professor Maurício Peixoto conta que os alojados estão colaborando. "Eles têm consciência de que essa é a casa deles por tempo indeterminado". Homens e mulheres não foram separados. "Preferimos deixar as famílias juntas. Não tem sentido separá-las em um momento em que um precisa do outro".

Morretes

Os bombeiros e a Defesa Civil evacuaram ontem a localidade de Pindaúva, próxima à comunidade Martha. Técnicos da Minerais do Paraná S/A (Mineropar) detectaram uma fenda no morro, que colocaria em risco as 60 pessoas que moram em 15 casas na área. Os moradores foram encainhados para a Escola da Martha, perto da BR-277. Segundo boletim de ontem da Defesa Civil, na região de Morretes há 8 mil desalojados e 60 pessoas em abrigos. Pelo menos 15.178 pessoas foram afetadas.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.