A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ganha reforço em várias regiões do Brasil a partir desta sexta-feira (4) – dia em que a paralisação completa 60 dias. Médicos que realizam as perícias nas agências da Previdência Social também decidiram interromper as atividades, prejudicando um dos únicos serviços que ainda era prestado.
A perícia médica é requisito para benefícios como auxílío-doença, aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial e, para reconhecimento de acidentes de trabalho.
Apesar de a categoria ter declarado greve por tempo indeterminado, em Curitiba o atendimento era parcial nesta manhã. Apenas na unidade do Hauer nenhum médico dava expediente ao público. O posto é o único da capital que se encontrava totalmente fechado, sem prestar nenhum tipo serviço à população.
Na agência Visconde de Guarapuava, quem tinha perícia agendada pela manhã estava sendo atendido normalmente. No entanto, segundo informações repassadas no local, há possibilidade de que estes profissionais encerrem o expediente ao meio-dia, deixando de realizar as consultas da parte da tarde.
Rosângela de Souza, de 33 anos, agradecia por não ter sido afetada pelo movimento. Ela precisou passar por uma cirurgia e teve a perícia agendada pela própria empresa em que trabalha. “Não tive que me incomodar muito, porque lá na empresa mesmo marcaram para mim. Nem sabia dessa greve [dos médicos]. Sei de outra que tem aqui. Mas, para mim, a consulta foi rápida”, disse a mulher, que esteve na agência Visconde de Guarapuava.
Na agência da rua XV de Novembro, em frente à Praça Santos Andrade, as consultas também estavam sendo realizadas. Funcionários do local informaram que a equipe de peritos deve ser completa durante toda esta sexta: dois de manhã e um à tarde.
Já na unidade da Cândido Lopes, a previsão é de que os médicos interrompam os atendimentos a partir da semana que vem.
Segundo o comando de greve dos médicos peritos de Curitiba, região metropolitana e Paranaguá, as perícias agendadas para esta sexta-feira não foram totalmente canceladas porque a paralisação dos profissionais irá ocorrer de forma gradual. Nestas regiões, o corpo médico de peritos soma 60 profissionais.
O médico Douglas do Lago Westphal, que integra o comando, explica que a intenção é reduzir, aos poucos, até que se chegue a uma escala que mantenha 30% dos profissionais na ativa, conforme determina a lei.
A pauta da categoria engloba reivindicações como redução da carga horária de 40 horas para 30 horas, incorporação de benefícios ao salário, redução de níveis de progressão, recomposição do quadro de peritos e aumento salarial de 27% em dois anos.
Em greve há 60 dias, categorias dos servidores públicos receberam, nesta quinta-feira (3), uma nova proposta do governo federal. Desta vez, a União deixou de lado o reajuste de 21,3% parcelado em quatro anos (2016,2017, 2018 e 2019) , e disse que há possibilidade de negociar um percentual de 10,8% em um prazo de dois anos (2016-2017). As informações são da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho Previdência Social e Ação Social do Paraná (Sindprevs), Nelson Malinowski, classifica esta nova proposta como “ainda insuficiente”, porém um “pouco mais simpática” aos grevistas, uma vez que o pagamento em dois anos, e não mais quatro, não deixam tão engessadas as mobilizações da categoria.
“Com a proposta anterior, os servidores não poderiam reivindicar nada em quatro anos. Mas dois anos a gente tem como acompanhar a inflação e ter um fôlego para daqui a dois anos discutir de novo essa questão”, comenta.
Segundo Malinowski, as assembleias que deverão discutir a nova oferta do governo deverão ser marcadas para a próxima semana.