Depois de breves férias de dois anos, o inverno voltou a soprar com rigidez no Paraná em 2016. Mas, apesar de ele ter cumprido o seu papel e ter assustando os desacostumados com tantas manhãs geladas, a “glória” do ciclo gelado no Hemisfério Sul acabou mesmo ficando com o outono, que bateu recordes de temperaturas baixas neste ano.
De acordo com dados do Simepar, o outono foi cortante. Principalmente em Curitiba. Em junho, a cidade teve a menor média mínima desde 1997, quando o instituto iniciou seus trabalhos de medição no estado. Levando em conta todas as menores temperaturas registradas naquele mês, as mínimas na capital ficaram em 7°C, na média. Já a temperatura geral média do mês bateu 11.3°C, também a menor dos últimos 19 anos.
“A gente observa que em junho [o frio] ficou bem caracterizado”, aponta Fernando Mendes, meteorologista do Simepar. “E apesar de os números também mostrarem isso, a gente conviveu com essa situação e sabe bem como foi. Quem estava aqui sabe que fez frio”, destaca.
Quando são analisados os dados de todo o Paraná, junho também fica com o título de mês mais gelado. A menor temperatura entre outono e inverno foi registrada no dia 12 de junho, no Dia dos Namorados, quando os termômetros de General Carneiro, cidade mais fria do estado, registraram -7,1° C, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Isoladamente, a menor temperatura de Curitiba também foi registrada antes do inverno. No dia 13 de junho, os termômetros da capital mais gelada do país atingiram a marca de -1,3° C, perto da mínima de 2013, o ano da neve, quando a capital registrou -2° C.
Para o Inmet, de uma forma geral, mesmo sem recordes, o inverno respeitou o padrão histórico, que compreende o período de 1961 a 1990, no Paraná e também na capital. “O inverno no estado, na média, foi seco e com temperaturas dentro do esperado. O inverno anterior foi bastante quente, o que pode ter gerado essa diferenciação nesse ano. Tivemos uma amplitude térmica considerável em alguns períodos, mas as variações foram bem pequenas na comparação com a média”, explica Rogério Rezende, do Inmet. “Curitiba também respeitou a normalidade, em relação ao clima e chuvas”.
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De uma forma geral, todos os meses de inverno tiveram médias menores do que a relação histórica em Curitiba. Além de um junho mais frio, a cidade teve média de 13,7° C em julho - quando a média é de 14,1° C . Em agosto, a média é de 15,4° C e a capital registrou 14,2° C. Já em setembro a média é de 16,1° C e até o momento a cidade amanhece com 15,4° C de média.
Calor de 10,5°C
A “menor temperatura máxima” para a capital foi registrada em 20 de junho, quando os termômetros não conseguiram ultrapassar 10,5° C. As mínimas em Curitiba, mês a mês, descontado a negatividade de junho, foram de 0,4° C em julho, 1,7° C em agosto e 4,6° em setembro.
Segundo o Simepar, o Sul do estado também viu a variação cair abaixo da média histórica em 2016. Em junho, a média é de 12,6° C na região e 2016 registrou valores em torno de 9,6° C. Em julho, houve breve melhora. Em agosto e nos primeiros dias de setembro as temperaturas voltaram a ficar baixas.
Em União da Vitória, foram cinco dias consecutivos de temperaturas negativas em 2016, também em junho, o que não ocorria desde julho de 2000. Em Guarapuava, a sequência de seis dias consecutivos com temperaturas negativas igualou esse mesmo mês.
Até mesmo no Norte as temperaturas registradas no inverno assustaram. Segundo o Simepar, as mínimas de Maringá (5,8°C), Londrina (6,0°C) e Cambará (2,6°C) foram mais baixas do que as registradas nos últimos anos.
“As médias de 2016 estão abaixo da média histórica desde maio em todas as regiões de estado. O ano foi de inverno bem rigoroso, apesar da variação ter acompanhado o registro histórico”, resume a meteorologista Sheila Paz, do Simepar.
Chuvas bipolares
Já as chuvas em Curitiba e em todo o Paraná não respeitaram uma hierarquia mensal em 2016. Junho e julho foram meses bem secos em todo o Paraná e mantiveram os índices habituais na capital. Agosto foi tempestuoso.
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