O total de casos de dengue notificados no Paraná neste início do novo ciclo do mosquito Aedes aegypti parece mostrar um cenário menos agressivo da infecção no estado: são 5.417 notificações já registradas entre agosto e terça-feira (22) contra 7.966 em um período semelhante de 2015 (agosto a 25 de novembro). Mas o avanço dos números pode estar apenas contido por uma primavera mais gelada do que o comum, alertam os especialistas, que continuam a temer grandes prejuízos provocados pela epidemia.
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Segundo o Simepar, as temperaturas realmente estão pouco mais baixas do que o comum para essa época do ano na região de Curitiba, embora no interior do estado o calor já esteja adequado. “A situação é resultado de efeitos locais que ainda favorecem a entrada de massas de ar frio”, explica o meteorologista Reinaldo Kneib.
Mas a conjuntura climática deve ganhar ares mais propícios para a estação nas próximas semanas, fortalecendo o habitat ideal do mosquito transmissor da dengue. É certo que a infestação do vetor é sempre mais intensa entre a primavera e o verão, uma vez que são períodos de elevação da temperatura e da intensificação de chuvas, fatores imprescindíveis para a eclosão de ovos do mosquito.
“O pior está por vir”, alerta a médica Carla Sakuma, da Sociedade Paranaense de Infectologia (SPI). Ela atribui a queda no número de casos notificados no começo deste ciclo, em comparação com o ano passado, aos termômetros mais tímidos em algumas partes do Paraná, mas acredita que a luta deve ser tão ou mais intensa do que no ciclo anterior.
“No ano passado já estava bem quente esta época do ano. Como a dengue é uma doença sazonal, todo mundo tem que estar consciente e evitar qualquer tipo de água parada para evitar a proliferação do mosquito. Porque agora a tendência é crescer [os casos]”.
Raul Junior Bely, chefe da Divisão de Informações Epidemiológicas da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma que ainda é impossível prever o comportamento do mosquito nos próximos meses. Ele ressalta o investimento do estado em políticas de combate ao vetor, mas lembra que pesa o fato de que, no Paraná, 70% dos depósitos de procriação do Aedes ainda são relacionados a lixo doméstico. “Isso significa que não basta o gestor contratar, investir e fazer. Tem que ter parceria e sensibilização da população”, destaca.
Verão do chikungunya?
“Acho que a própria gripe esse ano nos mostrou que qualquer previsão que a gente fizer pode cair por terra”, reforça Marion Burger, pediatra e infectologista do grupo técnico da Sesa. Para a médica, a dengue pode voltar a surpreender entre 2016 e 2017, mas pontua que gestores públicos e a população devem ficar atentos neste ano também à febre chikungunya.
Dados do mais recentes do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que, durante todo ao ano de 2015, foram registrados no país 38.332 casos prováveis de febre de chikungunya. E neste ano, até o momento, os casos prováveis já somam 236.287 registros – um aumento de mais de 500%. No mesmo período, os óbitos saltaram de seis para 120.
“É uma sequência. Depois da dengue foi o zika, e, agora, o chikungunya”, ressalta Marion. “E todos nós temos que redobrar a atenção. A febre chikungunya, quando atinge grandes populações, tem se mostrado também muito agressiva”. No Paraná, foram confirmados quatro casos da febre este ano.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2004 o vírus já foi identificado em 19 países. No Brasil, o Ministério da Saúde definiu que devem ser consideradas como casos suspeitos todas as pessoas que apresentarem febre de início súbito maior de 38,5ºC e artralgia (dor articular) ou artrite intensa com início agudo e que tenham histórico recente de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua.
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