Com um discurso de abertura para a imigração de refugiados sírios, o primeiro ministro canadense Justin Trudeau recebeu pessoalmente refugiados na chegada ao país ainda em 2015 e tem enfrentado o presidente americano Donald Trump no que diz respeito às regras de imigração.
Apesar do discurso, o processo para quem quer trabalhar e estudar no Canadá acaba sendo mais complicado do que quem pretende conseguir um visto para os Estados Unidos – pelo menos para brasileiros. Quem pretende trabalhar ou estudar no Canadá precisa ter paciência e tempo. Enquanto a licença para entrar nos Estados Unidos podem demorar cerca de 10 dias após a entrevista, o visto canadense pode demorar entre 30 e 90 dias úteis.
Para a gerente Schultz Vistos, empresa especializada em vistos, Adriana Santos, a principal diferença entre os dois países é que os canadenses analisam todos os documentos - como imposto de renda, holerite e extratos bancários dos três últimos meses, além do aceite em uma universidade ou proposta de emprego – e por vezes acabam pedindo ainda mais informações sobre quem quer estudar ou trabalhar no país. O Canadá ainda solicita que o passageiro faça exames médicos em consultórios credenciados pelo Consulado. “Alguns clientes chegam a gastar mais de R$ 500 só em exames exigidos pelo consulado canadense”, explica.
Já quem vai para os Estados Unidos, a própria empresa ou universidade entra em contato com a imigração, que envia ao passageiro uma petição. Com ela, o candidato comparece ao Consulado e sai de lá com a resposta.
Os custos para conseguir os vistos tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos são parecidos. O custo de um visto americano de estudo é US$160 (cerca de R$ 496). O visto de trabalho custa hoje é de US$ 190 (cerca de R$ 589). Para o Canadá, a taxa sai R$ 459,75 para um visto de estudo. Para trabalhar, a taxa é R$ 10 mais cara, fechando R$ 469,75.
Turistas também precisam comprovar renda, mas regra pode mudar
Uma das principais diferenças entre tirar um visto americano e um canadense, é que, para entrar nos Estados Unidos, o candidato deve passar por uma entrevista pessoal. Já a entrada no Canadá não é condicionada à uma entrevista e todo o processo é feito pelo correio ou internet.
Essa diferença, porém, deixa o processo de conseguir um visto canadense muito mais burocrático. “Para um visto de turismo no Canadá, o passageiros também precisa comprovar renda com uma série de documentos. Já o dos Estados Unidos, a recomendação é que o passageiro tenha os papéis em mão, mas só precisa entregar se o oficial da imigração pedir. Para o Canadá, eles analisam todos os documentos mesmo”, conta Adriana.
Uma das únicas formas de reduzir a burocracia, é que o passageiros tenha um visto para os Estados Unidos e que ele tenha sido usado nos últimos dez anos. Caso contrário, precisará comprovar renda, enviar holerites, etc.
Uma nova regra vai autorizar a entrada de brasileiros com visto americano por meio de um visto emitido pela internet, sem burocracia. O Brasil entrou em uma lista de autorização do governo canadense como um dos países que poderá enviar turistas com uma autorização eletrônica de viagem (eTA na sigla em inglês) a partir de 1.º maio. A emissão custa apenas 7 dólares canadenses e a maioria das operações são aprovadas dentro de minutos.
Abertura maior para estudantes trabalharem
Apesar da grande burocracia para conseguir um visto, a possibilidade de estudantes conseguirem permissão para trabalhar enquanto fazem seus cursos ou logo após a conclusão é muito mais do que em países como os Estados Unidos. Para Bruno Contrera, gestor de Universidades e Cursos no exterior do Student Travel Bureau (STB), as permissões dadas para estudantes no Canadá torna o país um dos destinos mais procurados. Quando o estudante faz cursos de graduação ou pós-graduação, a possibilidade de trabalho se dá de diferentes formas – se a instituição de ensino for privada, o estudante pode trabalhar enquanto estuda, em cargas horárias de 20 a 40 horas semanais. Já, se a instituição for pública, depois de concluir o curso, o estudante pode trabalhar e conseguir autorização para viver até três anos no país. “Por ter instituições bastante voltadas à prática, os estudantes acabam indicados pelos próprios professores. Noventa e nove porcento dos estudantes acabam sendo colocados no mercado de trabalho canadense”, explica Contrera.