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 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Um aplicativo de celular que começará a operar ainda neste mês, em Curitiba, vai possibilitar ao usuário solicitar corridas em táxis que sejam dirigidos, exclusivamente, por mulheres. O dispositivo – chamado Miss Táxi – foi desenvolvido por uma startup curitibana, a partir da experiência de mulheres taxistas. O objetivo do serviço é atender, principalmente, ao público feminino de forma mais segura.

Uma das idealizadoras do sistema, a taxista Débora Consuelo Noronha Bastos, de 39 anos, disse que a ideia surgiu a partir, principalmente, da demanda de passageiras, que procuravam por motoristas mulheres. Ela acredita que o aplicativo deva ser bastante utilizado por jovens que dependem de táxi à noite – para voltar de baladas, por exemplo – e por mulheres que não se sentem seguras para viajar num táxi dirigido por um homem.

“Agora, mesmo, eu estou indo atender a uma menina de 14 anos. O pai dela não permite que ela pegue táxi com homem, porque, apesar de ser novinha, ela já foi assediada por um taxista. Como tem histórias de assédio, as mulheres confiam mais quando veem outra mulher ao volante”, disse.

Para chegar ao modelo final do aplicativo, a startup responsável pelo projeto investiu seis meses no desenvolvimento e aprimoramento do produto. O diretor-executivo da empresa, Eduardo Hofman, aponta que, além de reunir taxistas mulheres, o aplicativo oferecerá dispositivos de segurança. Um deles é a possibilidade de o passageiro – ou a passageira – compartilhar a corrida com outra pessoa, que pode acompanhar a viagem em tempo real, pelo celular.

“As nossas pesquisas de mercado apontaram que havia uma demanda muito grande por essas ferramentas de segurança, principalmente por parte do público feminino ou por adolescentes. Quantas mulheres hoje, por exemplo, não saem sozinhas e sofrem assédio ao voltar para a casa?”, disse.

Por enquanto, a Miss Táxi reúne pouco mais de 60 taxistas cadastradas na rede. Também para elas o aplicativo oferece mecanismos de segurança, como um “botão do pânico”, que a taxista consegue acionar quando se sentir em risco; ou a possibilidade de recusar alguma corrida, quando não se sentir segura para prestar o serviço.

Universo masculino?

Para a taxista Débora, o aplicativo também vai ser importante para motoristas mulheres se firmarem em um universo tão prioritariamente masculino. Ela diz que soube se impor pelo serviço que presta, mas que a incomoda, ainda, o fato de raramente ter outras mulheres nos pontos.

“Um dos nossos objetivos é mostrar que, sim, tem mulher no táxi e prestando um bom serviço. Nós dirigimos tão bem ou melhor que um homem e, além disso, somos mais cuidadosas, cumprimos horários à risca, o carro é mais limpo, não falamos palavrão...”, exemplificou.

Mãe de dois filhos, Débora também já esteve do outro lado: quando os meninos eram pequenos, sofreu a angústia de ter de confiá-los a um taxista desconhecido. “Até os pais acharem alguém que atenda com confiança é complicado. Então o aplicativo deve ajudar nisso também. A gente já dá o caminho das pedras”, disse.

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