Penitenciária Agrícola Monte Cristo, onde, na última sexta (6), 33 presos foram mortos| Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

O governo de Roraima deve protocolar nesta segunda-feira (9) o pedido de envio da Força Nacional de Segurança para o estado. Roraima vive uma crise no sistema carcerário após a morte de mais de 30 detentos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo, na zona rural de Boa Vista. Com capacidade para 750 presos, a unidade abriga mais de 1,4 mil detentos

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Em sua página no Facebook, a governadora Suely Campos informou que conversou com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, nesse domingo (8). Em nota, a assessoria do ministério diz que “o ministro já determinou que a Secretaria Nacional de Segurança Pública providencie o imediato apoio ao estado”.

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Em novembro do ano passado, o governo de Roraima chegou a solicitar a presença da Força Nacional após a morte de 10 detentos na mesma penitenciária, mas o pedido foi negado.

Para a professora Aldenizia Laranjeira, a presença da Força Nacional vai trazer mais segurança porque, “a população, no popular, está cabreira, com medo. Medo de rebeliões, de esses presos saírem das cadeias, saírem matando todo mundo, fazendo reféns. Se a governadora tá pedindo ajuda do ministro da Justiça, ele tem por obrigação ajudar o estado”, afirma.

Com a localização de mais dois corpos - que estavam na cozinha da penitenciária - subiu para 33 o número de mortos na chacina em Boa Vista.

Necropsia

Os trabalhos de necropsia foram encerrados nesse domingo (8) e quase todos os corpos já foram entregues aos familiares. As exceções são os corpos de um venezuelano e um rondoniense que ainda não foram entregues por falta de documentação. Ainda há o corpo de um detento, que não foi reclamado pela família.

Prisão domiciliar

A Justiça de Roraima concedeu prisão domiciliar aos detentos do regime semiaberto do Centro de Progressão Penitenciária (CPP). O pedido foi feito pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A medida vale até o fim desta semana. Com isso, desde este domingo (8), os detentos não precisam se dirigir à unidade para dormir. Eles devem ficar em casa.

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O documento é assinado por 23 reeducandos e pelo diretor do CPP, Wlisses Freitas da Silva, e informa “a impossibilidade de garantir a segurança dos presos e dos servidores que trabalham naquela unidade prisional”.

Segundo a OAB, os presos estariam sofrendo “ameaças diárias de morte, inclusive, de facções do crime organizado”. O documento leva em consideração relatos de presos provisórios que afirmam ser alvo da próxima tragédia no sistema carcerário.

O medo não está apenas no CPP. A professora Aldenizia Laranjeira revela a sensação de insegurança vivida na cidade. Segundo a moradora de Boa Vista, “algumas farmácias, alguns comércios fecharam mais cedo, por medo de rebeliões, de esses presos saírem aí das cadeias, saírem matando todo mundo, fazendo reféns, e a sensação de morte, muito triste, nunca tinha acontecido isso aqui em Roraima”, relata.

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O Centro de Progressão Provisória sofre com o baixo efetivo de servidores. São, no máximo, quatro agentes por dia para prestar segurança a 160 presos, além dos que cumprem pena na Casa do Albergado e que assinam frequência no CPP, totalizando um fluxo de quase 500 detentos. Os agentes penitenciários reclamam ainda da falta de armamento adequado e suficiente para todos.