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As chuvas deste ano recuperaram as várzeas do Tanquã, no Rio Piracicaba, interior de São Paulo, conhecidas como o Pantanal paulista em razão da biodiversidade. Aves como o tuiuiú e o marrecão, que estavam ausentes por causa da seca do ano passado, agora estão de volta. O Tanquã, uma planície alagadiça, entre os municípios de Piracicaba e Anhembi, é alvo de disputa entre ambientalistas e um projeto do governo estadual de construir uma barragem no rio para ampliar a Hidrovia Tietê-Paraná. A formação do lago inundaria as várzeas.

Na área, com 30 quilômetros quadrados, equivalente a 3 mil campos de futebol, vivem milhares de aves isoladas ou em bandos, como garças, irerês, batuíras, gaviões e socós, além de espécies típicas do Pantanal mato-grossense, como o colheireiro, o cabeça-seca e o tuiuiú. Com a estiagem de 2014, os banhados secaram e foram invadidos pelas pastagens. Os peixes e as aves ficaram escassos, segundo o pescador Ivanildo Pereira, de 38 anos. Muitos moradores do Tanquã que sobrevivem da pesca tiveram de migrar para o lago de Barra Bonita, dezenas de quilômetros rio abaixo.

As chuvas de março e abril revigoraram as lagoas e as aves estão de volta. Observadores de aves de Sorocaba que estiveram no Tanquã durante o feriado de Corpus Christi se impressionaram com a mudança na paisagem. “Está tudo vivo outra vez, até os marrecões, que são muito exigentes, estão chegando aos bandos”, disse o estudante de biologia Claudio Pessini. De acordo com Pereira, a presença das aves indica que os peixes também voltaram.

A construção da barragem está em processo de licenciamento ambiental. O Ministério Público Estadual (MPE) em Piracicaba recomendou aos órgãos licenciadores a não concessão da licença até que os estudos sobre a viabilidade econômica e ambiental sejam aprofundados. De acordo com o Departamento Hidroviário (DH) do Estado de São Paulo, autor do projeto, a barragem vai permitir a extensão da rodovia por mais de 40 quilômetros, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.

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