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Violência teria durado mais de quatro horas, segundo os estudantes

A Secretaria Municipal da Defesa Social de Curitiba afastou, nesta segunda-feira (13), os três guardas municipais acusados de agredir e torturar um casal de estudantes na noite do dia 5 de outubro, na Rua da Cidadania do Pinheirinho. O casal procurou a Ouvidoria da Guarda Municipal, na tarde desta segunda-feira, onde prestou depoimento sobre o caso.

Ainda assustados com a situação, o casal prefere ficar no anonimato e não ser identificado. "Estamos apavorados, ficamos dentro de casa durante uma semana", afirmou o rapaz. Os estudantes, que são do interior de São Paulo, dizem ter sido torturados e humilhados pelos guardas municipais após um mal entendido. O casal de Ribeirão Preto, que há poucos meses está em Curitiba sofreu uma tentativa de assalto. Ao pedir ajuda aos guardas municipais, o rapaz se referiu como "senhor guardinha".

"Ele me olhou com ódio e chamou outro guarda. Falei que não era isso, que no interior de São Paulo nós chamamos os guardas dessa forma. Depois disso partiram para a ignorância. Chamaram a minha esposa de vadia e tomei várias coronhadas na cabeça, pauladas e tapas na cara", afirmou o estudante.

Na versão dada na Ouvidoria, o casal disse que foi agredido na rua e depois foi levado para a sede da Guarda Municipal na Rua da Cidadania, onde sofreram as piores agressões. "O guarda colocou o revólver no meu nariz e disse que se eu procurasse a mídia ou denunciasse iria morrer", afirmou o rapaz.

Ao todo, segundo os estudantes, foram mais de quatro horas de torturas. De acordo com a assessoria de imprensa da Guarda Municipal, a secretaria da Defesa Social abriu um processo administrativo para apurar a denúncia. Foram designados dois supervisores para acompanhar o caso.

Pela escala de trabalho e o local onde aconteceu o fato, já foram identificados os guardas que atenderam à ocorrência do dia 5 de outubro, às 20h45, na Rua da Cidadania do Pinheirinho. Enquanto durar o processo administrativo, os três guardas ficarão afastados dos trabalhos das ruas. Até a conclusão da investigação eles farão apenas serviços internos. Os guardas também darão a versão deles para o fato, em depoimento na Ouvidoria.

A estimativa é que o processo de investigação dure 30 dias. Esse prazo pode ser menor ou maior, dependendo da entrega dos laudos solicitados ao Instituto Médico Legal (IML). O casal fez exame de lesões corporais. Eles ficaram em torno de 14 horas no Hospital do Trabalhador fazendo exames. "Havia a suspeita que eu estivesse com traumatismo craniano e com uma costela quebrada. Mas isso não foi confirmado. Tive uma costela trincada", explicou o estudante.

Segundo a Guarda Municipal, um dos guardas também ficou com o rosto inteiro arranhado e fez exames. O estudante disse que o caso não vai mudar os planos do casal em Curitiba. "Vamos acabar a nossa faculdade aqui. Espero que essas pessoas (guardas) fiquem longe de mim e sejam exoneradas da Guarda Municipal, porque eles não gostam do trabalho que fazem", definiu.

A Ouvidoria da Guarda Municipal tem um telefone que fica disponível para denúncias da população. O atendimento funciona das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira pelo número 3350-3693.

Polícia Civil

Os estudantes também reclamam que sofreram agressões de um policial civil, no Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac) Sul, que fica nas dependências do 8.º Distrito Policial, no bairro Portão. Eles foram levados pelos guardas municipais ao local. Na versão do casal, houve mais violência no Ciac Sul.

"O policial me pegou e bateu com muita força", afirmou o estudante. Na delegacia, os mesmos guardas municipais, que, segundo o casal, comandaram as agressões, registraram boletim de ocorrência contra os estudantes paulistas por desacato à autoridade.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (Sesp-PR), a Corregedoria da Polícia Civil já deu início a uma investigação interna para identificar quem foi o policial civil que atendeu ao caso. A cada fim de semana muda a equipe de plantão no Ciac Sul.

A equipe pode ser formada por um delegado de um distrito, um policial de outro e um escrivão de uma terceira delegacia. Os plantões são definidos por escalas. Segundo a Sesp, caso a denúncia do casal se comprove, será instalado um inquérito policial para investigar o crime e também será instaurado um procedimento interno que irá definir as punições para o policial.

"Já recebi os relatos da ocorrência e determinei apuração completa de todos os fatos. Se ficar comprovado a participação de policiais civis, todas as medidas serão tomadas dentro da lei", disse o delegado Wilson Jacob, corregedor auxiliar, por meio de nota oficial enviada pela Sesp.

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