O Hospital Evangélico de Curitiba reabre, na sexta-feira (8), a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral, que está fechada desde que se tornaram públicas investigações que apuram mortes de pacientes. De acordo com nota emitida na noite desta quinta-feira (7), a Sociedade Beneficente Evangélica, que administra o hospital, disse que foram feitas mudanças na equipe de profissionais e que, durante o período em que permaneceu fora de operação, a unidade foi revitalizada.
A partir de sexta-feira, 15 médicos, 41 profissionais de enfermagem e quatro de apoio vão atuar na UTI geral, sob coordenação do médico Hipólito Carraro Júnior. O Evangélico conta com outras três UTIs, totalizando 50 leitos para atendido via Serviço Único de Saúde (SUS).
O Evangélico classifica as denúncias de que uma equipe médica teria abreviado a vida de pacientes da UTI geral como "um problema pontual" e destaca que o hospital buscou facilitar as investigações e atender solicitações da Secretaria Municipal de Saúde.
Inquérito foi entregue ao MP
A Polícia Civil investiga as mortes ocorridas na UTI do Evangélico entre 2011 e 2012. Na terça-feira (6), a Polícia Civilentregou o inquérito ao Ministério Público (MP), apontando que houve formação de quadrilha e homicídio qualificado. Seis pessoas foram indiciadas: cinco médicos e uma enfermeira.
A primeira a ser presa foi a médica Virgínia Helena Soares de Souza, que comandava a UTI do hospital. Ela é acusada de abreviar a vida de pacientes que estavam internados na unidade. Posteriormente, outros três médicos foram presos: Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas. Também está presa uma enfermeira que integrava a equipe de Virgínia.
A médica Krissia Wallbach foi indiciada, mas não está presa. Segundo a polícia, ela aparece em gravações feitas durante as investigações. A médica foi convocada a depor e compareceu na segunda-feira (4) ao Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa). Mas, segundo o advogado dela, Jorge Timi, ela ainda não prestou nenhuma informação à polícia. A Polícia Civil, por sua vez, informou que a prisão da médica não foi pedida porque não corria risco de ela atrapalhar as investigações.
Na quarta-feira (6), o advogado Elias Mattas Assad, que representa Virgínia, divulgou um memorial em que aponta dez supostas falhas no inquérito policial. Em um dos itens, ele faz referência a um erro na transcrição das gravações feitas a partir de autorização judicial em que o perito consignou a expressão "assassinar" em vez de "raciocinar", como a médica Virgínia realmente teria dito. "Demonizaram os médicos em confessado crime de 'falsa perícia'", consta do texto.