O corpo do agente penitenciário Carlos Alberto Pereira, de 52 anos, conhecido como Federal, foi sepultado às 17 horas desta quarta-feira (5), no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro Portão, em Curitiba. Após a cerimônia, agentes penitenciários que acompanharam o enterro do colega fizeram uma manifestação clamando por mais segurança e por melhores condições de trabalho para a categoria. Pereira foi assassinado a tiros na tarde de terça-feira (4), em frente de casa, no bairro Fazendinha, na capital. Ele já havia sido chefe de segurança do antigo presídio do Ahú e atualmente trabalhava na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, região metropolitana.
Liderados pelos agentes penitenciários, as mais de duzentas pessoas que presenciaram o sepultamento participaram do ato de protesto. Os integrantes da categoria da qual Pereira fazia parte fecharam por cinco minutos a Rua Bettega, situada nas imediações do cemitério. Com faixas e cartazes, eles reivindicaram medidas para melhorar as condições de trabalho dos agentes, como a ampliação do efetivo. "Agentes Penitenciários: categoria unida por mais trabalhadores", dizia uma das faixas. As cobranças foram reiteradas em um breve pronunciamento do vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen),Antony Johnson.Investigações
Para a polícia, a principal hipótese é de que o assassinato de Pereira esteja relacionado à atuação dele como agente penitenciário. Ele foi executado por volta das 18h20 de terça-feira, em frente da casa em que morava, no bairro Fazendinha. De acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DH), Pereira estava de férias e pintava o portão da residência, quando foi surpreendido por um homem encapuzado que abriu fogo contra ele. O agente penitenciário foi atingido por dois tiros na cabeça e um no tórax e morreu no local. No carro dele, que estava estacionado na garagem, também havia sinais de disparos.
"Não resta dúvida de que se trata de uma execução. Pelas circunstâncias, de imediato, relacionamos o crime com a atividade profissional da vítima. Esta é a principal hipótese, mas, evidentemente, vamos investigar outras possibilidades para a motivação", disse o superintendente da DH, José Carlos Machado.
Apesar disso, em conversas informais, familiares da vítima informaram a polícia que Pereira nunca revelou ter recebido ameaças nem comentou algo que pudesse justificar o crime. A partir de quinta-feira (6), a DH vai iniciar o agendamento dos depoimentos. "Além de ouvir familiares, procuramos pessoas que possam ter visto elementos que nos ajudem a entender a dinâmica deste homicídio", explicou Machado.
De acordo com informações repassadas à polícia, o autor do crime teria estacionado um carro de cor escura próximo a casa de Pereira. O assassino teria caminhado até o local onde a vítima estava, efetuado os disparos e retornado ao veículo para fugir. "Fizemos buscas por câmeras de segurança que pudessem ter captado os movimentos deste carro, mas não encontramos", disse o superintendente.
Ritmo diferenciado
Para que os agentes pudessem comparecer ao sepultamento do colega, as unidades de regime fechado de Curitiba e região metropolitana operaram em ritmo diferenciado nesta quarta-feira, segundo o vice-presidente do Sindicato dos Sindarspen. De acordo com o vice-presidente do sindicato, os presos não teriam banho de sol e as unidades não realizariam atendimento externo, de forma que todos os postos permaneceram guarnecidos.
Segundo Johnson, na função de agente penitenciário é comum sofrer ameaças e retaliações. Por isso, uma das reivindicações da categoria é a legalização do porte de arma para os agentes.