O sentimento de uma perda tão próxima não vai deixar os colegas do Colégio Estadual Santa Felicidade tão cedo. A imagem do portão da instituição não sai da cabeça dos que ficaram, pois sabem que o adolescente de 16 anos, assassinado por um amigo de infância dentro do colégio, não voltará às aulas.
“Os colegas que estavam lá estão com a mente pesada. Muitos tentaram reanimá-lo. Não vai ser fácil entrar naquela sala, naquele corredor”, disse uma amiga do jovem, de 17 anos. “Mas, apesar da dor, a vida vai ter que continuar”, concluiu a jovem, que buscava conforto olhando para o céu de uma tarde cinzenta, enquanto o corpo do estudante era velado na tarde desta terça-feira (25), em uma capela de Santa Felicidade, bairro onde sempre gostou de viver.
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Órfão de pai, o menino, segundo uma amiga da família, chegou a se mudar com a mãe para Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mas não se adaptou à cidade. A mãe, sabendo da vontade do filho de continuar em Santa Felicidade, aceitou voltar para a capital com ele. Era no bairro de origem italiana onde estavam seus amigos e onde ele se sentia, diziam os mais próximos, em casa. “Estava sempre acompanhando ele e a mãe. Era como se fosse da minha família, era um menino bom”, lamentou a amiga.
O adolescente, que estava no segundo ano do ensino médio, vivia rodeado de amigos, de acordo com os colegas que participavam da cerimônia. “Não tinha uma pessoa que não gostasse dele”, contou uma colega, sorrindo ao lembrar do amigo.
Seu estilo, de acordo com os colegas, era viver o rock’n roll que tanto gostava. “Ele era assim, uma pessoa do rock. Se vestia sempre com camisetas de banda, falava disso o tempo todo”, contou outro colega. “Nós passávamos todo o recreio juntos, falando de rock. Ele mostrava bandas novas, ele vivia isso”, relembrou.
E não era só de música que o garoto gostava. Bom aluno, recordaram professores, o jovem tinha um histórico escolar satisfatório. A direção, no dia do falecimento, citou o comportamento estudioso do jovem e o posicionamento crítico sobre o que acontecia ao seu redor. “Em sala, era um aluno calmo, não incomodava ninguém”, contou outro professor. Fora de sala, lembrou o profissional, era comum ver o menino risonho e bem entrosado com todos.
Último adeus
Os olhares daqueles que foram dar o último adeus ao estudante pareciam não encontrar conforto diante da tragédia. Além da dor de perder uma pessoa querida, os presentes pareciam não acreditar nos fatos que levaram à morte do rapaz e nem buscavam responsáveis pelo ocorrido. Pediam que todos fizessem o mesmo, enquanto as lágrimas falavam mais alto.
Amigos, familiares e professores lembraram a pessoa que o jovem sempre será aos olhos deles. A frase que estampava uma das coroas de flores do velório do jovem parece definir o sentimento que fica a partir de agora - e servirá de conforto, tão difícil de encontrar, quando a saudade aparecer: “ninguém morre enquanto permanece vivo em nossos corações”.
O jovem será enterrado nesta quarta-feira (26), em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. A família orientou a funerária a não divulgar detalhes como horário e local da cerimônia.
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