Aposentada passa mal antes de ser presa no lugar do filho

A aposentada Iracema Ribeiro de Souza, de 71 anos, moradora de Paranavaí (Noroeste), sofreu um princípio de infarto quando seguia espontaneamente para a prisão nesta terça-feira.

Ela teve a prisão decretada pela justiça local porque deixou de pagar a pensão de R$ 116,00 mensais à neta, uma adolescente de 15 anos. É que o filho da aposentada, Mariozan de Souza, deixou de pagar a pensão alimentícia desde abril do ano passado e foi embora da cidade.

Segundo o advogado Antônio Marcos Solera, que presta assistência jurídica a Iracema, diante da ausência do filho, ela responde legalmente pela pensão da neta. Ele adiantou que a dívida está em R$ 1.600,00, incluindo os juros. O problema é que a aposentada tem renda de apenas um salário mínimo e ainda precisar gastar dinheiro com remédios para vários problemas de saúde.

Solera disse que ela sofre de ataque epilético, tem uma ponte de safena, usa marca-passo há 20 anos e no começo de 2006 sofreu derrame cerebral leve.

Quando ficou sabendo que seria presa pela primeira vez em sua vida, na terça-feira pela manhã, a aposentada pediu para ser levada à delegacia temendo que fosse algemada e posta em uma viatura policial na frente de casa.

O advogado conta que ela chegou a arrumar as roupas em uma sacola plástica e antes de chegar à cadeia, pediu para ir ao fórum confirmar o mandado de prisão. Quando o documento era lido, ela sofreu o ataque, um pré-infarto, e desmaiou. Foi socorrida pelos bombeiros e levada à Santa Casa, onde continuava internada, na tarde desta quarta-feira, com o estado de saúde estável.

A defesa da aposentada informou que, com base do Estatuto do Idoso e no princípio da dignidade humana previsto no artigo primeiro da Constituição Federal, entrou com pedido de prisão domiciliar para dona Iracema, no fórum da comarca local e com pedido de hábeas corpus no Tribunal de Justiça do Paraná, porém os resultados não haviam sido publicados até o começo da noite desta quarta-feira.

Em Curitiba

No dia 22 de janeiro, a aposentada Ângela Maria Pereira, de 50 anos, foi presa em Curitiba, por que seu filho estaria devendo, há quase um ano, a pensão alimentícia da filha dele, de 12 anos.

Ângela foi solta no dia seguinte (23) depois que três dos seus cinco filhos fizeram uma "vaquinha" e contrairam um empréstimo para saldar a dívida no valor de R$ 3 mil.