O governo da presidente Cristina Kirchner emitiu um comunicado nesta sexta-feira (10) em que sustenta que "perante versões jornalísticas originadas no Brasil, o Departamento Nacional de Migrações da Argentina, dependente do Ministério do Interior e Transportes, informa que o cidadão da Guiné Souleymane Bah, que no Brasil apresenta sintomas que poderiam ser compatíveis com ebola, não registra entrada alguma na Argentina".
Poucas horas antes, Oscar Herrera Aguad, secretário de saúde da província de Misiones, na fronteira com o Brasil, havia indicado que estava tentando checar se Bah havia entrado no país pelo aeroporto internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, e se dali havia se deslocado por via terrestre até o nordeste da Argentina. As primeiras especulações indicavam que ele teria entrado no Brasil pela cidade de Bernardo de Irigoyen, em Misiones.
Outras especulações sustentavam que Bah, depois de entrar no Brasil, teria ido até a cidade brasileira de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e que dali teria atravessado para a argentina Bernardo de Yrigoyen. Segundo essas versões, dias depois teria retornado ao Brasil pela mesma fronteira e pedido asilo às autoridades brasileiras.
O secretário Aguad disse que não descartava hipótese que Bah poderia ter entrado e saído da Argentina por "vias não oficiais". Segundo ele, Bernardo de Yrigoyen está no único trecho da fronteira argentino-brasileira que não é constituída por uma via fluvial.
"Então, podemos pensar que não existem somente vias formais de passagem. E esta é uma fronteira tão permeável que poderia ter passado por uma via não oficial", avaliou. Bernardo de Yrigoyen e Dionísio Cerqueira estão separadas por uma rua larga, em forma de alameda.
O guineano Souleymane Bah deu entrada no início da noite de quinta-feira (9), em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascavel, no Oeste do Paraná. Na manhã desta sexta, ele foi transferido ao Rio de Janeiro e terá seu teste de confirmação para o ebola feito em Belém, no Pará. O resultado deste primeiro exame deve sair na manhã de sábado (11).
Controles
O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, afirmou nesta sexta que as autoridades argentinas estão empenhados em controles especiais sobre aqueles que desembarcam em Buenos Aires para "evitar a expansão de uma epidemia". Segundo o ministro, "já estão ativados os diversos mecanismos de alerta para a detecção dos casos correspondentes para uma correta identificação das pessoas que chegam por via aérea".
Capitanich sustentou que a Argentina conta com dois centros "com toda a preparação" para enfrentar um eventual surgimento da doença no país, o hospital Néstor Carlos Kirchner e Hospital Garrahan para crianças. Capitanich também declarou - sem entrar em detalhes - que existe "um método argentino" de detecção da doença no Instituto Malbrán: "a Argentina é o único país da América Latina que domina essa tecnologia" com a qual seria possível analisar os casos em 24 horas.
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