- Pacientes isolados em UPA de Cascavel são liberados
- Unidade da Fiocruz é referência para tratamento de ebola
- Governo diz que informou OMS sobre caso suspeito de ebola
- Ministro da Saúde falará nesta sexta-feira sobre caso suspeito de ebola
- Paciente com suspeita de ebola é transferido do Paraná para o Rio
- Exames para confirmar suspeita de ebola serão feitos em Belém
O primeiro paciente suspeito de infecção por ebola identificado no Brasil, em Cascavel, no Oeste do Paraná, teve registro de contato com ao menos 64 pessoas, informou nesta sexta-feira (10) o ministro da saúde Arthur Chioro, durante entrevista coletiva concedida em Brasília. Segundo o ministério, dos contatos, 60 foram feitos na própria Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 2, onde ele chegou às 17h45 desta quinta-feira (9), alegando quadro anterior de febre.
Na unidade, Souleymane Bah, como foi identificado o homem, teve contato direto com apenas três funcionários. Já fora da UPA, as pessoas mais próximas do paciente seriam dois casais que morariam na mesma casa que ele.
Contrariando a informação dos casais, a administração municipal de Cascavel disse que o endereço dado pelo guineano é falso, e que as duas mulheres e os dois homens, que seriam haitianos, negaram que Bah mora junto com eles. Com isso, por parte da Prefeitura de Cascavel, as pessoas que entram na lista dos contatos com o guineano são 30 funcionários, 24 pacientes e 14 acompanhantes - o que soma 68 pessoas.
O Ministério da Saúde não confirma o fato do endereço falso. Sendo assim, todas as 64 pessoas contabilizadas pelo órgão federal - o que incluiria os casais - são considerados suspeitos de baixo risco. Elas serão acompanhadas diariamente por equipes de saúde pelos próximos 21 dias período máximo de incubação do vírus ebola.
Segundo o ministério, os casais e os três profissionais de saúde terão a temperatura monitorada duas vezes por dia durante o período. Já os demais deverão ter a temperatura verificada uma vez ao dia. Pessoas que tiveram contato com o africano antes do dia 8 de outubro foram classificadas como fora de risco de contaminação.
Conforme informou Chioro, uma amostra de sangue do paciente já foi colhida e encaminhada ao laboratório responsável pelo diagnóstico no Pará. O resultado deverá sair em 24 horas. Seguindo protocolos internacionais, independentemente deste resultado, um novo exame terá de ser realizado em 48 horas para confirmar o resultado do primeiro teste.
O exame para malária, uma das primeiras suspeitas para o caso, deu negativo. Apesar da suspeita de contaminação pelo vírus ebola, o paciente que foi transferido de Cascavel para o Rio de Janeiro nesta madrugada não apresenta febre, diarreia ou vômitos, sintomas clássicos da doença. "Nós consideramos como caso suspeito porque os sintomas foram diagnosticados dentro do período de incubação", declarou o ministro.
Durante a coletiva, Chioro confirmou que o primeiro ponto de chegada de Souleymane foi no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia 18 de setembro. A chegada ao Brasil foi um dia depois de sua saída de Guiné. O voo onde o paciente estava fez conexão no Marrocos.
O ministro não deu detalhes sobre o possível trajeto do paciente no Brasil. Souleymane realizou pedido de refúgio na Delegacia da Polícia Federal de Dionisio Cerqueira (SC), na divisa com Barracão (PR) e com a Argentina, no dia 23 de setembro. No dia seguinte, ele já estava em Cascavel e deu entrada no pedido para tirar a sua carteira de trabalho.
Pacientes isolados na UPA 2 foram liberados
Os pacientes que ficaram isolados na UPA 2, em Cascavel já foram liberados.
Segundo determinação dos órgãos de saúde responsáveis, eles foram autorizados a deixar a unidade, porém, vestidos com peças de roupas diferente daquelas que usaram durante todo o tempo em que permaneceram na UPA. Familiares foram avisados para que levassem as mudas limpas de roupa até o local, sendo que as usadas ficaram unidade, que reabriu às 13 horas desta sexta, para esterilização.
Surto na África
Ao lado de Serra Leoa e Libéria, a Guiné, nacionalidade do paciente, é um dos três países que mais registraram casos de morte pela doença no continente.
O atual surto de ebola é o pior que se tem conhecimento. Relatório divulgado pela OMS nesta quinta-feira (9) aponta que já foram registrados este ano 8.094 casos da doença em toda a África. Destes, 3,9 mil resultaram em morte.
No último mês, outros dois casos suspeitos semelhantes, de pessoas vindas da África, foram notificados ao estado do Paraná por prefeituras. Nestas situações, porém, foram considerados suspeitas de malária, já que os pacientes não vieram de países africanos com registro de surto de ebola.
Pelo mundo
O número de pessoas que morreram por causa do vírus ebola chega a 4.033 em sete países, de acordo com o balanço divulgado nesta sexta-feira (10) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O número de infectados registrados até o último dia 8 é de 8.399, 366 casos a mais em comparação com o relatório divulgado pela organização há dois dias.
Das equipes médicas e sanitárias infectadas, 233 morreram: 38 na Guiné, 95 na Libéria, cinco na Nigéria e 95 em Serra Leoa. Sobre o surto separado de ebola identificado na República Democrática do Congo (RDC), a OMS informou que já foram registrados 71 casos com 43 mortes, oito de membros das equipes de saúde.
O mais novo relatório da OMS também confirmou o primeiro caso de ebola transmitido fora da África. A auxiliar de enfermagem Teresa Romero, que fez parte da equipe que cuidou dos missionários espanhóis Miguel Pajares e Manuel Garcia Viejo, foi contaminada com o vírus. Os missionários morreram no Hospital Carlos III, em Madri, na Espanha, depois de contraírem o ebola em Serra Leoa, na África.
A enfermeira foi isolada para tratamento e cerca de 30 pessoas que tiveram contato com ela estão sendo monitoradas. Seis delas já foram submetidas a isolamento preventivo, entre elas, o marido de Teresa, Javier Limón. Também na Espanha, sete pessoas se apresentaram na noite de quinta-feira em uma unidade de isolamento de ebola em Madri.
Nesta quarta-feira, os Estados Unidos confirmaram a morte do liberiano Thomas Duncan, a primeira pessoa diagnosticada com ebola nos Estados Unidos. Ele estava hospitalizado desde 26 de setembro. Segundo o hospital, Thomas morreu de manhã. O governo americano investiga se houve imprudência no primeiro atendimento hospitalar. Antes da internação, ele chegou a ser atendido, mas foi liberado, porque o funcionário do hospital não teria reportado ao médico, como indicava o protocolo, que ele era um viajante do Oeste africano.