O delegado da Polícia Federal Allan Dias afirmou na tarde deste domingo (13), durante a divulgação do material que foi apreendido até agora da Operação Guilhotina, que se a ação fosse realizada logo após a ocupação do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, em novembro passado, as armas apreendidas lotariam uma sala inteira. Um inspetor se entregou na tarde deste domingo, subindo para 38 o número de presos.
"Infelizmente a gente não pôde realizar essa operação logo depois do Alemão, porque essa sala estaria lotada. Mas a gente precisava avançar nas investigações e colher mais provas", disse ele, na sede da Polícia Federal, no Centro.
A ação investiga o envolvimento de policiais com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis. O delegado confirmou que um inspetor da Polícia Civil se entregou na 16ª DP (Barra da Tijuca), na Zona Oeste do Rio, nesta tarde. Com ele, sobe para 38 o número de pessoas presas na operação, sendo 30 policiais (20 PMs e 10 policiais civis).
Entre o material apresentado neste domingo estavam dois fuzis, duas carabinas, sete pistolas, um revólver, cerca de 5 mil munições, 12 rádios transmissores, e relógios. Além disso, o delegado disse que cerca de R$ 60 mil em dinheiro, 700 euros e também joias foram encaminhados também foram encontrados.
De acordo com o delegado da PF, policiais investigados na operação ofereciam dinheiro aos informantes do Alemão. "Essas armas foram vendidas para grupos criminosos de traficantes rivais aos do complexo do Alemão e que tinham ligação com os policias aqui investigados", afirmou.
Operação poderá ter mais mandados de prisão
Também nesta tarde, o delegado admitiu que novos mandados de prisão contra policias poderão ser emitidos pela operação. "Após análise inicial do que foi apreendido e a coleta dos depoimentos que foram feitos por outras autoridades policias preciso ler os interrogatórios para análise mais aprofundada vou representar outras medidas construtivas, como apreensão e novas prisões preventivas", afirmou.
Allan Dias disse também que uma das coisas que mais chamou a atenção na investigação foi o movimento de uma conta bancária de um dos investigados, de cerca de R$ 50 mil por dia.
A operação cumpre 45 mandados de prisão. Segundo Dias, se os policiais foragidos não se apresentarem em até um mês, contando a partir de sexta-feira (11), serão demitidos por serem funcionários públicos. A operação segue ininterrupta desde sexta.
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Delegado transferido
Um dos alvos na megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal, o delegado Carlos Oliveira foi transferido da sede da PF, no Centro do Rio, para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, na noite de sexta-feira (11). Os advogados não falaram com a imprensa.
O delegado se entregou à tarde na sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento no começo da noite. Oliveira já ocupou o cargo de subchefe operacional da Polícia Civil e, há pouco mais de um mês, havia assumido a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).
Os envolvidos receberiam propina para passar informações de operações a criminosos e venderiam material apreendido. Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado no Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro do ano passado.
Informantes e escutas
Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes e visa cumprir 45 mandados de prisão e 48, de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais. Com lanchas, agentes também fazem buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias. Entre os procurados, 30 são policiais civis, militares e delegados.
"O objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina", explicou o superintendente da PF, Angelo Fernando Gioia, em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã.
O chefe de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, chamou o delegado Carlos Oliveira de "traidor", depois de prestar esclarecimentos sobre as investigações na Polícia Federal nesta manhã. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista, Beltrame reiterou a confiança em Allan Turnowski
Investigações
Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.
Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.
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