| Foto: Álbum da família

No dia 5 de novembro de 2008, uma mala foi encontrada na Rodoviária de Curitiba. Dentro, estava o corpo de Rachel Lobo Oliveira Genofre, que havia desaparecido dois dias antes. A menina foi violentada e espancada, antes de ter sido morta. Hoje, quatro anos depois, o caso desafia a polícia e segue sem solução. A impunidade amplia a dor da família.

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"Esta data é muito difícil para toda a família, ainda mais porque estamos sem respostas. Não temos novidades nas investigações, não temos um novo suspeito. Nada", lamenta a tia da menina, Maria Carolina Lobo Oliveira.

A família mandou celebrar, no domingo (4), uma missa na Igreja Santo Agostinho em intenção a Rachel. A tia também desabafou por meio de um texto publicado em um blog, que mantém para divulgar informações sobre o caso.

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Paralelamente, a família moveu, em junho deste ano, uma ação na Justiça do Paraná contra o Estado. A intenção dos familiares de Rachel é de que o estado do Paraná seja responsabilizado por falhas e negligências que teriam ocorrido nas primeiras etapas da investigação. Dentro elas citados, estão supostos erros na perícia, que teria descartado provas técnicas.

"Essas falhas causaram grande dano à investigação, comprometendo os trabalhos até hoje", disse Maria Carolina. Segundo a tia da menina, a intenção da família não é conseguir direito a indenização, mas a instituição de políticas públicas que contribuam para reduzir os casos de violência contra mulheres e crianças. Segundo Maria Carolina, em resposta ao processo impetrado pela família de Rachel, o Estado argumenta que o fato de os familiares não pedirem a indenização em dinheiro, e sim em políticas públicas de proteção a criança, é nobre, mas não há amparo legal.

Enquanto não há uma decisão judicial e com o caso sem solução, resta à família a saudade. Maria Carolina relembra os passeios que fazia com a sobrinha a bibliotecas de Curitiba. "Ela era muita companheira e lia muito", disse Maria Carolina. Raptada no dia 3 de novembro de 2008, Rachel não conseguiu concluir a leitura de "Contos dos Irmãos Grimm", livro de mais de 500 páginas que lia antes de desaparecer.

Sesp afirma que há duas linhas de investigação para o caso

A Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou na tarde desta segunda-feira (5), por meio de nota oficial, que as investigações sobre a morte da criança seguem ininterruptamente e que, atualmente, a Polícia Civil trabalha com duas linhas de investigação. A Sesp não disse quais são essas linhas, segundo o órgão, para não atrapalhar o trabalho da polícia. Confira abaixo a nota da Sesp na íntegra:

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"Por determinação da Secretaria de Estado da Segurança Pública, as investigações para solucionar o lamentável caso do assassinato da garota Rachel Genofre, ocorrido nos primeiros dias do mês de novembro de 2008, seguem de forma ininterrupta desde que a Polícia Civil foi comunicada do desaparecimento da menina, em 3 de novembro daquele ano. Comandado pela delegada Vanessa Alice, designada especialmente para o caso, o inquérito policial já seguiu várias linhas de investigação, levando policiais civis do Paraná a diversas cidades do Estado e até de outros estados na busca pelo assassino ou assassinos. A Secretaria da Segurança Pública lamenta a perda da família e reforça que as investigações para alcançar a solução do caso são incessantes. Recentemente, as investigações evoluíram e, depois de muitas linhas descartadas, a Polícia Civil segue hoje investigando duas linhas específicas, que não são divulgadas para não atrapalhar o trabalho. ‘Já faz quatro anos, mas em momento algum deixamos de ter a solução do caso Rachel Genofre como absoluta prioridade dentro da Polícia Civil. Tudo que foi possível até agora foi feito e tudo que for possível daqui para frente será feito para chegarmos ao assassino ou assassinos da Rachel. A Polícia Civil sente a dor da família, sente o clamor da sociedade por uma solução e não vai poupar esforços para chegar até ela’, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius da Costa Michelotto", afirmou a Sesp.

O caso

Rachel Genofre foi morta por asfixia mecânica provocada por esganadura e apresentava diversos sinais de agressões. Encontrado em uma bolsa na Rodoferroviária, o corpo dela estava em posição fetal, envolvido em dois lençóis. Na cabeça da menina havia sacolas plásticas. Ela usava a camiseta do colégio e estava nua da cintura para baixo. Vestia apenas uma meia do ursinho Pooh em um dos pés.

No ano passado, a delegada Vanessa Alice - que foi designada para o caso a partir do segundo mês de investigação - disse que o principal trunfo da polícia é o sêmen coletado do corpo de Rachel. O material é comparado com o DNA de suspeitos, para comprovar a autoria. Até novembro de 2011, no entanto, quase 100 exames já haviam sido realizados e todos deram negativo. A prova científica já inocentou pelo menos três suspeitos.

A polícia paranaense viajou a quatro estados para interrogar suspeitos. Além disso, os investigadores visitaram hotéis, estabelecimentos comerciais e edifícios residenciais, além de ter analisado imagens de todas as câmeras de segurança entre a escola que Rachel estudava e a rodoviária.

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