Salas de madeira do Colégio Estadual Frei Doroteu de Pádua são alvo de reclamação dos alunos| Foto: Elaine Schmitt/Gazeta do Povo

As aulas no Colégio Estadual Frei Doroteu de Pádua, no distrito de Periquitos, em Ponta Grossa, foram retomadas nesta segunda-feira (8), depois que os estudantes ocuparam a escola por cinco dias na última semana. Os alunos negociaram a desocupação com o superintendente de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação (Seed) Victor Hugo Dantas, para quem apresentaram as reivindicações.

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Além de quatro salas de aula de madeira em más condições, os jovens reclamam da falta de estrutura para proteger o refeitório de chuva, ventania e poeira, falta de manutenção nos banheiros e de acessibilidade. Após o encontro com os alunos, a Seed informou que os recursos para as melhorias em banheiros, refeitório e rede elétrica estão previstos em um processo licitatório agendado para o final de agosto, e que R$ 100 mil serão destinados para adequações de acessibilidade. A previsão é de que essas obras estejam prontas para o ano letivo de 2017, já com salas de aula em alvenaria.

Durante a última semana as aulas ficaram suspensas, mas outras atividades foram realizadas na instituição, como debates e oficinas. Aproximadamente 200 pessoas participaram da mobilização, entre alunos, pais, professores, servidores e representantes do movimento estudantil. Cerca de 20 pessoas também passaram a noite na escola durante a ocupação, de acordo com os organizadores.

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Pedidos de longa data

Segundo a comunidade escolar, os pedidos de reformas começaram em 2008, quando as quatro salas de madeira foram construídas para atender os estudantes provisoriamente, mas são utilizadas até hoje. “Nós começamos a mobilização depois que vimos que as salas provisórias viraram salas permanentes. Não tem mais condições de ter aula ali”, conta o estudante do nono ano Matias Augusto Iansen, de 17 anos.

Na última sexta-feira (5), os alunos fizeram um almoço comunitário e encerraram a ocupação por volta das 17 horas. “Eu aprendi que, como aluno, tenho direitos. O colégio estava esquecido pelo governo, por ser uma área afastada, mais rural”, diz Matias.

A professora Fabiana dos Reis, que acompanha o movimento desde o início da ocupação, explica que todos os procedimentos para pedir melhorias foram feitos já em 2008, mas sem retorno. No ano passado, o assunto chegou a ser discutido em uma audiência pública. “Na segunda-feira (1), nós chegamos e nos deparamos com a situação, e não poderíamos abandoná-los. Oferecemos ajuda para o que precisassem”, diz. Ela conta que os professores fazem rodízios entre as turmas para utilização das salas de madeira e de alvenaria, por causa da precariedade dos locais. Apesar do fim da ocupação, os estudantes afirmam que a mobilização continua, e que vão acompanhar o cumprimento das promessas da Seed.

Segundo a chefe do Núcleo Regional de Educação, Maria Izabel Vieira, as mudanças solicitadas não haviam acontecido até agora por questões orçamentárias, mas a escola vai passar por reformas nos próximos meses no valor de R$ 250 mil. “Nós tomamos providências quando soubemos que havia salas de madeira”, diz. Ela informou também que, a partir de segunda-feira (8), o Núcleo vai se reunir com a comunidade escolar para discutir a reposição das aulas.

Outro caso

Esse é o segundo caso de ocupação de escolas no Paraná em 2016. Em maio, estudantes ocuparam três colégios estaduais de Maringá, em protesto contra a qualidade da merenda. Os estudantes desocuparam as escolas depois de uma reunião com o governo do estado, que se comprometeu a manter o diálogo com os estudantes e a atender uma pauta de reivindicações apresentadas. Entre elas, estão uma cadeira no Conselho Estadual de Alimentação Escolar e acesso a dados de obras em escolas paralisadas por causa da Operação Quadro Negro.

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