O número de motoristas embriagados que se envolveram em acidentes, de janeiro a outubro de 2007, nas rodovias federais do Paraná, já superou o total de casos registrados em todo o ano passado. Na proporção, houve um aumento de 27% nas ocorrências envolvendo motoristas alcoolizados. O dado preocupa a Polícia Rodoviária Federal (PRF), pois a tendência é que esse número cresça ainda mais nos últimos meses do ano.
Segundo a PRF, em 2006, 9.599 motoristas se envolveram em acidentes. Destes, 249 haviam ingerido bebida alcoólica acima do permitido por lei (0,26 mg/l), o que representa 2,6% do total dos motoristas. Neste ano, até outubro, 7.902 condutores se envolveram em acidades, sendo que 260 (3,3%) apresentavam quantidade de álcool acima da permitida.
Mesmo com a redução no número de motoristas que sofreram algum acidente neste ano (até outubro), a quantidade de condutores embriagados já superou a marca de 2006. Segundo o chefe do Núcleo de Comunicação da PRF no Paraná, Adriano Frasson, a situação é preocupante, pois ainda nem começou o período de férias de fim de ano. "Nas férias esse número vai aumentar. Existe uma tendência a associar o calor com o maior consumo de cervejas. Nas festas de fim ano, Natal e Ano Novo, o consumo de álcool também aumenta", afirmou.
Para Frasson, as campanhas divulgadas sobre os riscos de direção e álcool não estão atingindo todas as pessoas. "Já foram feitas campanhas bem educativas, outras mais fortes, com imagens de acidentes. Mas nenhuma atinge todos ao mesmo tempo. A discussão é ampla, são diversos fatores que contribuem para a situação de bebida e direção continuar. Um deles é cultural", explicou.
Para o especialista em trânsito, Marcelo Araújo, é preciso uma mudança comportamental coletiva para que as pessoas parem de dirigir alcoolizadas. "A disponibilidade de adquirir bebidas na beira das rodovias também acaba contribuindo para que isso ocorra. É uma questão cultural também, as pessoas ingerem bebidas sem culpa. A bebida é tratada como algo festivo, o motorista não vê o consumo como algo negativo", afirmou Araújo.
No Paraná, a PRF defende que a punição para quem for flagrado dirigindo alcoolizado seja mais rígida. "A pessoa deveria ficar presa e perder a carteira de habilitação. A lei precisa ser repensada e devem ser criados mecanismos para que seja possível aplicar a nova determinação. Não adianta criar uma lei rígida e não conseguir cumprir depois", expôs Frasson.
Atualmente, quando uma pessoa é flagrada pela PRF dirigindo alcoolizada ela é levada para uma delegacia da Polícia Civil, mas pode pagar uma fiança ou assinar um termo circunstanciado e vai embora. O Código de Trânsito Brasileiro prevê no Artigo 165 punição gravíssima, multa e suspensão do direito de dirigir o motorista que se encontrar sob efeito de álcool.
Caminhoneiros embriagados
Na quarta-feira foram registrados dois casos de motoristas que teriam abusado da ingestão de bebidas alcoólicas. As prisões aconteceram na BR-116, em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. Às 8h30, o motorista Fernando Piazoto, de 32 anos, foi flagrado pela PRF dirigindo uma carreta Volvo, com placas de Poços de Caldas (MG), com 1,34 mg/l de álcool, de acordo com o teste de etilômetro. "O que assusta foi o horário em que esse motorista foi flagrado, logo de manhã. Ele pode ter consumido todo esse álcool (quase cinco vezes a mais que o permitido) na madrugada, 3h ou 4h e continuado dirigindo", disse o responsável pela comunicação da PRF, Adriano Frasson.
O segundo motorista preso foi Vanderlei Gonçalves de Quadros, 48. Quadros, que dirigia um caminhão Volkswagen, estava com 0,70 mg/l, também flagrado pelo teste do etilômetro. Os dois caminhoneiros foram encaminhados para a delegacia de Polícia Civil, mas não ficaram presos.
Segundo a PRF, os motoristas sabem dos perigos da mistura de álcool e direção, mas a autoconfiança e a certeza de que as penas são brandas são suficientes para os motoristas continuarem a prática perigosa.