Autoridades de segurança que trabalharam na remoção dos explosivos da fábrica Explopar, em Bocaiúva do Sul, onde ocorreu uma forte explosão por volta das 15 horas deste sábado (8), no bairro Aterradinho, descartaram o risco de novas explosões. Ao longo deste domingo (9), uma força-tarefa isolou o local. Segundo informações da delegacia de Polícia Civil do município, havia pelo menos 40 toneladas de dinamite no local. Estima-se que 8 toneladas do explosivo foram detonadas no acidente.
A força-tarefa contou com apoio das polícias Civil, Militar e Exército, com participação de técnicos da empresa. Os explosivos intactos seriam apreendidos pela polícia. Os danificados e “instáveis” seriam detonados de forma controlada no local.
A Defesa Civil e a prefeitura municipal fizeram distribuição de lonas e telhas, para que os moradores das casas atingidas pudessem retornar aos lares.
O levantamento dos danos ocorridos deve ser finalizado nesta segunda-feira.
Investigações
A polícia trabalha com a possibilidade de a explosão ter sido causada por um incêndio criminoso. A hipótese é defendida pela empresa, que reuniu testemunhos de funcionários que indicam que o caminhão que provocou a detonação teve os pneus incendiados. As possíveis motivações não foram esclarecidas.
“O caminhão estava parado há três ou quatro dias, então seria impossível haver combustão natural e espontânea. A convicção da empresa, por ter adotado todas as obrigações de segurança, é de que foi uma ação criminosa”, diz o advogado Caio Fortes de Matheus, responsável pela defesa do dono da Explopar. “O proprietário está atônito, em estado de choque. E ele tenta buscar hipóteses do que possa ter acontecido.”
O dono da empresa, Milton Lino Silva, continua preso em flagrante por danos ao patrimônio público e privado, crime ambiental e lesão corporal. Segundo a polícia, até agora foram abertos por moradores da região afetada 80 boletins de ocorrência relacionados a danos. “Não morreu ninguém por um milagre. Voaram peças do caminhão e pedras por toda a Vila Angélica. Muitas casas foram completamente devastadas”, conta o investigador Fábio Reinaldo Domingues dos Santos.
Empresa havia sido furtada há cerca de um mês
A Explopar passava por adequações de segurança determinadas pelo Exército após um furto de mais de 100 quilos de dinamite há cerca de um mês.
Segundo o delegado de Bocaiúva do Sul, Mario Sergio Bradock, a Polícia Civil alertou para a vulnerabilidade das instalações da empresa depois da ocorrência.
De acordo com o advogado de defesa, a companhia estava dentro prazo concedido pelo Exército para a realização das mudanças. A informação foi confirmada pelo delegado.
Em nota oficial, a Explopar diz que “possui todos os alvarás e licenças necessárias para o regular funcionamento” e que “se esforçará ao máximo para minimizar os danos causados em decorrência da explosão”.
Danos
A Defesa Civil está atendendo aos moradores da área afetada pela explosão, concentrada no conjunto de Vila Angélica, que fica nas proximidades da fábrica.
Segundo o coordenador do órgão em Bocaiúva do Sul, André Rego, foram observados danos consideráveis num raio de dois quilômetros. “A onda de choque destelhou casas, quebrou janelas e chegou a destruir residências inteiras”, conta.
Quatro pessoas de uma mesma família estão desabrigadas. Segundo o coordenador, cerca de 150 pessoas estão desalojadas. A Defesa Civil trabalha na realocação das famílias e distribuição de lonas para os afetados desde a manhã deste domingo.
A enfermagem do Hospital Municipal Clínica Santa Júlia informou que cerca de 80 pessoas procuraram atendimento após a explosão – a maioria por causa do susto ou com ferimentos leves. Nenhuma delas precisou ser internada.
Segundo o delegado Bradock, a estimativa é que os danos ambientais cheguem a 50 mil metros quadrados de área impactada – incluindo áreas de Preservação Permanente.