Implantado em 2008, o Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) promete reunir os dados necessários para a criação de uma avaliação de qualidade e dar conta de discrepâncias nos dados do ensino técnico brasileiro que teimam em aparecer. No Censo Escolar de 2009, por exemplo, o Paraná aparece com 52.140 alunos matriculados, um número muito menor do que o dado estadual de 96.810, que, segundo a chefe do departamento de Educação e Trabalho da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Sandra Regina de Oliveira Garcia, é muito mais confiável.
O Sistec também pode ser o ponto de partida para um acompanhamento preciso dos egressos dos cursos profissionalizantes no mercado de trabalho. "Os estudantes que ingressaram no ensino técnico este ano foram cadastrados com o CPF no sistema. Daqui alguns anos será possível acompanhar a dinâmica desse aluno no mercado formal de trabalho", explica Sandra. A última pesquisa que trouxe alguma luz sobre esses alunos foi a Pesquisa Nacional de Egressos dos Cursos Técnicos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, de 2007, do MEC. Pelo estudo, 72% dos 2.657 egressos formados entre 2003 e 2007 nos cursos técnicos da rede federal estão no mercado.
Fora esse estudo, apenas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) dá alguma noção, todos os anos, sobre como estão empregados os jovens brasileiros.
Segundo o coordenador da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), Francisco Aparecido Cordão, um sistema de avaliação está previsto para o ensino profissional desde 1999. "Antes disso, porém, o Ministério da Educação (MEC) teve de corrigir outras discrepâncias, como o grande número de habilitações existentes, criando um catálogo oficial dos cursos técnicos de nível médio. Até o fim deste ano vamos atualizar esse catálogo e também aprovar novas diretrizes para a formação dos professores do ensino profissional, com a criação de licenciaturas específicas para a formação deles, assim como já existe para os professores da educação básica e do ensino médio". Atualmente, a maior parte dos professores do ensino profissional no Brasil são graduados, bacharelados, com uma formação em um programa pedagógico específico para exercer a função.
Quantos têm mestrado, doutorado, não é possível saber ainda pelo Sistec. Essa avaliação e também o desempenho do aluno, por meio de um exame nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), só deve surgir em 2012. "Ano que vem o CNE deverá desenhar, junto com o MEC, essa avaliação para a ser aplicada, então, no ano posterior", afirma Cordão.
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