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Colegas de trabalho, amigos e familiares choram a morte do delegado José Antonio Zuba durante o velório na Câmara Municipal de Paranaguá: assassinato covarde e sem chance de defesa | Fotos: Bianca Marchini/Gazeta do Povo
Colegas de trabalho, amigos e familiares choram a morte do delegado José Antonio Zuba durante o velório na Câmara Municipal de Paranaguá: assassinato covarde e sem chance de defesa| Foto: Fotos: Bianca Marchini/Gazeta do Povo

Falta efetivo

Conheça o número de delegados e investi­gadores nas delegacias do litoral do Paraná:

Paranaguᖠ17

Pontal do Paranᖠ9

Matinhos– 8

Guaratuba– 8

Antonina– 3

Morretes– 3

Guaraqueçaba– 3

Fonte: José Sudário da Silva, delegado-chefe do Litoral, e Delegacia de Paranaguá.

Morte é retrato da situação caótica do litoral

O assassinato do delegado é um retrato da situação caótica do litoral do Paraná em termos de segurança pública. O número de homicídios na região entre o primeiro semestre de 2009 e o primeiro semestre de 2010 cresceu 62%. Passou de 42 para 68 casos, índice que não encontra paralelo na capital ou em qualquer outra região do estado.

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Zuba teve atuação destacada

O delegado José Antônio Zuba de Oliva estava na Polícia Civil desde 1988, quando passou no concurso para escrivão. Em 1995, passou no processo seletivo para delegado. Ele fez a maior parte da carreira na região de Londrina, onde sua família residia. Estava há dois anos na Delegacia de Pontal do Paraná, depois de passar por Ibiporã e Paranaguá, onde atuou como delegado-operacional.

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  • Polícia montou barreiras nos principais acessos do litoral e fez revistas em todos os carros: caça aos suspeitos
  • José Zuba estava na polícia desde 1988.
  • Horas depois do crime, os policiais localizaram os carros usados na fuga

Paranaguá e Curitiba - A prova de que criminosos de outros estados encontram refúgio no litoral do estado foi dada ontem com o assassinato do delegado de Pontal do Paraná, José Antônio Zuba Oliva, 47 anos, e do servidor municipal Adilson da Silva, 42 anos. O policial foi baleado à queima-roupa ao investigar uma denúncia no balneário de Carmery, na manhã de ontem. Silva morreu no hospital. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o crime foi cometido por bandidos do Rio de Janeiro, que fugiram do local em dois carros com placas daquele estado.

Após o crime, a polícia montou uma megaoperação para prender os criminosos. Cerca de 150 policiais foram mobilizados na ação. Barreiras foram montadas em todas as estradas do litoral. "Estamos numa área que vai de Pontal a Matinhos sob controle com apoio de helicópteros e todas as polícias agindo", informou o delegado-chefe do litoral José Sudário da Silva.

A força-tarefa não demorou a surtir efeito. Horas depois, um homem – Francisco Diego Vidal Coutinho, 20 anos – foi preso e os veículos usados na fuga foram apreendidos. Ao checar a identificação, a polícia descobriu que ele é fugitivo do 63.º Distrito Policial de Niterói. Outros três acusados, que continuam foragidos, são fugitivos da Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho, conhecida como Bangu 4, no Rio. Segundo a polícia, eles foram identificados como Felipe, conhecido como "Tex", Paulo "Tutancamon" e Paulo "Gan­chi­nho".

Segundo Sudário, existe a suspeita de que o quarteto estava no litoral para ajudar na fuga de oito presos da cadeia de Pontal. Há dez dias, segundo ele, o delegado Zuba havia solicitado a transferência desses presos para o sistema penitenciário.

"Importados"

A presença de criminosos de outros estados nas praias do Paraná tem preocupado as autoridades locais. De acordo com Sudário, a vinda de bandidos "importados" não chega a ser uma novidade. Isso ocorre há pelo menos 30 anos, mas ficou mais forte nos últimos dez anos.

O policial diz que a desativação de postos de fiscalização e de delegacias como a de Praia de Leste (Pontal do Paraná) e Coroados (Guaratuba) tem contribuído para agravar o problema. "Isso sem dúvida passa uma imagem de fragilidade e atrai bandido." O delegado de Antonina, Artur Luiz Zanon, concorda: "A região fica desértica e toda horda de delinquentes desce para cá [Litoral]."

O Ministério Público também tem notado a migração de criminosos. De acordo com a promotora Carolina Dias Aidar, o Litoral está na rota do tráfico de drogas, que se intensificou na região de cinco anos para cá, em especial com o aumento do consumo do crack. A geografia dos municípios é estratégica para os criminosos, segundo a promotora. "Os bandidos vêm se esconder no litoral. É histórico." São muitas casas vazias que formam bairros-fantasmas, atraindo o consumidor de crack, principalmente, que precisa de dinheiro fácil." Para Carolina, aumentar o efetivo policial é fundamental. "É preciso voltar os olhos para o litoral durante o ano inteiro."

O crime

O delegado Zuba recebeu uma denúncia de que havia homens armados em duas barracas no camping Olho d’Água. Ele se dirigiu ao local com Adilson da Silva e as investigadoras Luiza Helena Santos e Noeli de Fátima Avine. Quando se identificou, falando que era policial, Zuba foi baleado. O delegado estava sem o colete à prova de balas. Segundo as investigadores, os outros bandidos já saíram atirando com duas pistolas na mão. Adilson também foi atingido.

Os quatro criminosos renderam Luiza e Noeli. Elas foram ameaçadas e, segundo a polícia, tiveram de implorar para não morrer. Segundo elas, um dos bandidos ainda deu mais um tiro na cabeça de Zuba quando ele já estava no chão. Os criminosos as libertaram e fugiram em dois carros com placas do Rio: um Honda Civic, placa LBS-1131, e o BMW preto, KMZ-8103. Os bandidos estavam bem armados, com artilharia pesada.

Segundo Sudário, dentro das barracas havia drogas, armas, além de pertences dos bandidos, como celulares e roupas."O delegado Zuba era um dos policiais mais completos que já conheci. Para o trabalho dele eu tiro o chapéu", afirma. Segundo ele, Zuba não estava envolvido em nenhuma investigação que pudesse lhe causar algum tipo de retaliação. Recentemente, o delegado ganhou evidência ao investigar a morte da psicóloga Telma Fontoura, assassinada na praia de Shangri-lá no dia 12 de julho deste ano.

Consternação

Adilson da Silva foi levado ao Hospital Regional do Litoral, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. Servidor público da prefeitura, Silva também era operador em telecomunicações da RPCTV no litoral.

Conforme o assessor do gabinete do prefeito de Pontal do Sul, Murilo Camargo, Silva era um homem atuante, nativo do litoral, nascido em uma família de pescadores. O corpo dele será enterrado, hoje, às 14 horas no Cemitério de Pontal do Paraná.

Para Camargo, o problema da violência no litoral é a droga. Mas, ele estranha o poderio armado do grupo. "Nunca vimos ninguém com esse tipo de armamento. O pessoal aqui é mais ‘pé-de-chinelo’", afirma.

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