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Um bebê de três meses que estava internado no Hospital da Mulher, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, morreu na madrugada deste domingo, dia 24, sem conseguir transferência para uma unidade especializada. Pedro Carolino nasceu com problemas cardíacos e havia sido operado, mas necessitava de uma internação em UTI pediátrica. A vaga demorou a aparecer.

Segundo a advogada Vanessa Palomanes, que deu assistência jurídica à família, a Secretaria de Estado de Saúde demorou a encontrar um leito disponível para Pedro. A vaga só surgiu na sexta-feira (22), quando o estado de saúde gravíssimo do bebê impossibilitava a remoção. Ele havia contraído pneumonia e tivera duas paradas cardiorrespiratórias na quinta-feira.

“O aparelho que ajudava a respirar começou a dar problemas, mas ninguém deu bola, disseram que era assim mesmo. Na segunda-feira, o quadro dele começou a piorar, e os médicos informaram que o caso dele era para UTI pediátrica. Colocaram o nome dele na central de vagas na terça, mas no mesmo dia o Estado tirou porque ele não teria perfil para UTI pediátrica”, contou o pai Sérgio Carolino.

No Hospital da Mulher, Pedro estava internado em uma UTI neonatal, único tipo disponível no local e destinada a bebês com até 28 dias de vida. “Temos documento do hospital dizendo que a UTI neonatal não tinha todos os recursos necessários, e o Estado não fez nada para que ele fosse removido”, disse Vanessa. “Ficamos num limbo, porque ele não podia ficar na UTI neonatal e não tinha perfil para a UTI pediátrica”, contestou o pai.

Pedro nasceu em 23 de outubro de 2015. Na sua primeira semana de vida, os médicos diagnosticaram displasia broncopulmonar (quando o coração precisa de mais pressão para bombear o sangue) e o encaminharam para cirurgia em hospital especializado. A família precisou recorrer à Justiça para garantir a operação.

Após a concessão de liminar, Pedro foi transferido para o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) em Laranjeiras, zona sul do Rio, e operado em 12 de novembro. Em 8 de dezembro, segundo a família, o bebê foi devolvido ao Hospital da Mulher sem o conhecimento dos pais.

“Quando chegamos lá, já estava tudo pronto para ser transferido. Em nenhum momento autorizamos, não assinamos nada. Falaram que não precisava porque era (remoção para) hospital de origem”, contou Carolino. Segundo ele, a família não acompanhou a transferência e, no processo, as roupas do bebê foram extraviadas.

“A decisão da Justiça previa que (o INC) cuidasse dele até a recuperação. Mas isso não aconteceu”, relatou Vanessa. Segundo ela, a família deve mover nova ação contra o Estado do Rio.

O corpo de Pedro foi sepultado às 15h deste domingo no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita. “Nossa vida acabou. Todos os nossos planos incluíam ele”, lamentou o pai.

A rede estadual de saúde no Rio de Janeiro vem sofrendo com falta de recursos para materiais e pagamento de profissionais diante da crise financeira vivida pelo Estado. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), já recorreu ao governo federal e à prefeitura do Rio para amenizar a situação, que permanece grave.

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde não havia se manifestado sobre o caso até às 17h deste domingo. O Instituto Nacional de Cardiologia (INC) também não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem.

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