Mais do que trazer segurança, a operação policial na Vila Parolin abriu os olhos do governo do estado e da prefeitura para uma das favelas mais complexas de Curitiba. Os 4,3 mil habitantes da invasão vivem numa área em que 70% dos terrenos estão ocupados irregularmente, a menos de 10 quilômetros do Centro. A falta de infra-estrutura e a pobreza dos habitantes fizeram com que a ocupação se transformasse num labirinto de becos lamacentos cenário ideal para esconder traficantes e outros bandidos.
"Antes a polícia não entrava aqui, não tinha jeito por causa do tipo das ruas", conta o presidente da Associação de Moradores da Vila Parolin, Edson Pereira Rodrigues. O líder comunitário festeja tudo o que ocorreu com a favela depois da ocupação da polícia, entre os dias 5 e oito de maio. "Brincando, brincando, ganhamos pelo menos R$ 1 milhão em investimentos", arrisca.
O segredo, segundo ele, foi aproveitar a situação. "Ninguém gosta que a polícia chegue apavorando, mas a gente soube explorar para cobrar e lucrar com um monte de obras." O principal sonho dos moradores era o asfaltamento das ruelas de barro. Nos últimos dois meses, a pavimentação atingiu 16 becos e 4 ruas mais largas. "Isso deu dignidade às pessoas", afirma o administrador municipal da regional do Portão, Fernando Guedes.
Logo após a colocação das camadas de antipó, equipes da Sanepar e da Copel cortaram as ruas para levar água e luz à população. O resultado foi uma sensível diminuição dos "gatos" nas linhas de eletricidade, além da chegada do saneamento básico.
As obras também sensibilizaram a iniciativa privada. Rodrigues afirma que os empresários vizinhos à favela começaram a fazer doações. A principal delas foi de cinco barracões, com 150 metros quadrados cada, avaliado em R$ 160 mil. Os locais serão cedidos em comodato à prefeitura para a implantação dos programas Armazém da Família, Liceu de Ofícios e Cozinha Comunitária.
O único temor do líder comunitário é que a violência volte. Após dois meses tranqüilos, dois homicídios foram registrados na favela em julho. Joel Francisco Ramos, 32 anos, e Bráz Valdevino Santos Lima, 37 anos, foram assassinados na Avenida do Canal. "A polícia deu uma relaxada", lamenta Rodrigues.
Ele explica que a maioria dos líderes do tráfico na favela foram presos ou se mudaram nos últimos meses. O problema, no entanto, é que traficantes de outras regiões da cidade estão disputando atualmente o espaço deixado por eles. "O duro é que bandido é que nem capim: você tira um e nascem 20. Por isso é tão importante que a polícia fique esperta", resume.
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