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Sanepar diz que ação teve motivação política

Questionado sobre a operação da PF, o diretor presidente em exercício da Sanepar, Antônio Hallage, deu a entender que as investigações tiveram motivação política. "Que outra interpretação posso dar [que não seja motivação política]. Mesmo com a Polícia Federal em greve, mobilizaram um quadro de pessoas do estado inteiro. Não conseguimos entender que possa haver outra interpretação", disse.

Hallage evitou, porém, comentar as acusações sobre níveis de poluição em estações de tratamento de esgoto. "Não temos conhecimento deles [dos laudos]. Precisamos avaliá-los para dar a correta interpretação", argumentou. O executivo ainda negou a existência de relatórios secretos de emissão de efluentes nos rios, mas admitiu que uma vez um documento pode não ter sido fornecido ao órgão policial.

Em nota emitida nesta sexta-feira, o sindicato que representa os funcionários das empresas de saneamento (Saemac) informou que as declarações do delegado causaram revolta entre os servidores e que o sindicato manifesta publicamente seu desagravo.

O governador Beto Richa (PSDB) disse, na manhã desta sexta-feira (21), que prefere não especular sobre o que motivou a Polícia Federal (PF) a investigar a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), mas acrescentou que se sente no direito de "desconfiar" da operação. Na quinta-feira (20), a PF divulgou resultados da "Operação Água Grande – Iguaçu", que apontou o esgoto despejado no maior rio paranaense não é tratado, apesar de a companhia de saneamento cobrar pelo serviço.

Richa levantou suspeitas quanto ao fato de os resultados da operação terem sido divulgados a duas semanas das eleições municipais e em um período em que os agentes da PF estão em greve. "Acho muito curioso e tenho todo direito pela forma como foi deflagrada essa operação de poder imaginar que houve outros objetivos, que não o real de poder investigar com números e documentos o que está acontecendo no saneamento do estado", afirma.

O governador alegou que as investigações não foram concluídas pela polícia e que se solidariza com o sentimento de indignação de funcionários da Sanepar. "A Sanepar é reconhecidamente a melhor empresa de saneamento do Brasil, tem o melhor quadro de servidores, os mais qualificados deste país: 7 mil funcionários, que posso garantir,estão muito indignados e merecem a minha solidariedade", afirma.

Richa classificou a ação como "completamente desnecessária" e parecia muito irritado com a maneira como a PF deflagrou a ação. Ele questionou a abordagem dos agentes da PF, que teriam invadido a Sanepar fortemente armados."Eu espero, pelo respeito que tenho à Polícia Federal, que uma operação forte, extemporânea como essa, não venha macular a imagem que a polícia tem na sociedade brasileira", disse. Segundo o governador, a companhia e diretores atingidos pela operação vão buscar à Justiça para pedir eventuais reparações.

As imagens do rio Iguaçu poluído parecem ter incomodado mais o governador. "Mostram imagens fortes, não dizem quando, não dizem onde aconteceu. Sofás, garrafas, objetos no rio sugerindo que a Sanepar jogou isso. A Sanepar nem lida com esses objetos muito menos tem a obrigação e atribuição de coletar esses objetos nos rios", disse.

O governador que soube da operação na quinta-feira, quando estava no interior, mas que já conversou com diretores da empresa, que garantiram que não sonegaram informações à corporação. "Há algumas semanas pedi relatórios a Sanepar em função de notícias veiculadas pela imprensa em relação ao saneamento e a poluição do rio Iguaçu", conta.

Segundo Richa, nos últimos dez anos a Sanepar investiu R$ 1 bilhão em saneamento, verba que vai dobrar durante o seu mandato. Ele também tranquilizou a população dizendo que a Sanepar não é negligente com o lado ambiental e presta um serviço de qualidade e eficiente.

O governador paranaense mencionou ainda um prêmio que a companhia teria recebido esta semana, como a melhor empresa de saneamento do Brasil. As declarações de Richa foram dadas em evento comemorativo ao Dia da Árvore, realizado na manhã desta sexta-feira, no Palácio Iguaçu. Antes de conceder entrevistas, ele plantou uma muda de peroba nos jardins atrás da sede do governo.

A operação

A "Operação Iguaçu – Água Grande" é realizada desde 2008, mas os resultados foram divulgados na quinta-feira. O delegado Rubens Lopes da Silva classificou a Sanepar como "a maior poluidora do Rio Iguaçu" e como uma "empresa de fachada". Isso porque, segundo ele, a companhia cobra dos clientes pelo tratamento de esgoto, mas não executa o serviço, despejando os efluentes diretamente em rios do estado. Por conta disso, a PF vai indiciar 30 gestores da empresa por estelionato.

Em entrevista concedida na quinta, ele negou a investigação tenha cunho político, dizendo que ela ocorre desde 2008, muito antes da campanha eleitoral deste ano. "A Sanepar devia parar de negar o óbvio e tomar providências", disse.

As investigações revelam ainda que 20% das estações de tratamento de esgoto da companhia atuam clandestinamente: elas sequer existem juridicamente e funcionam sem licenças de operação. Segundo a PF, a Sanepar não repassa ao Ibama documentos exigidos sobre o tratamento de esgoto. Por este motivo, há 1,8 mil dias a companhia tem sido autuada, com multa diária no valor de R$ 20 mil.

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