De tão freqüentes, as tragédias suburbanas comovem apenas as próprias vítimas e seus familiares. Para a mídia, incidentes como o incêndio de quinta-feira em Piraquara viram uma boa foto ou imagem, acompanhada de um breve relato impresso numa página de jornal ou num videoteipe de televisão. Com um pouco de sorte e algum talento, podem até render umas poucas migalhas de indignação na opinião pública.
A coisa ficou tão banal que nem o clichê das pessoas que viram números é mais verdadeiro. Famílias que perderam tudo em favelas e áreas irregulares não merecem sequer um registro diferenciado por parte dos órgãos competentes. O caso do Corpo de Bombeiros é emblemático. No site da corporação, www.bombeiros.pr.gov.br, é possível encontrar registros das ocorrências segundo os mais variados critérios porte da construção (um, dois ou mais pavimentos), material (madeira ou alvenaria), condições das vítimas (feridas ou em óbito) e procedimentos, entre vários outros.
Porém, embora seja norma dos bombeiros anotar os nomes, endereços e condições das vítimas em cada ocorrência, não existe um banco de dados específico sobre os incêndios nas regiões mais carentes das cidades paranaenses. Para não ficar totalmente no escuro nesse assunto, é preciso um exercício de dedução: o site dos bombeiros informa que, desde janeiro, foram registrados no Paraná 786 incêndios em construções de madeira, mais de 400 deles em Curitiba e região metropolitana. Como a maior parte dos incêndios em favelas ocorre em estruturas de madeira ou similares, é possível deduzir que uma parcela significativa desses 786 registros se deu nessas áreas.
O palpite é bom, de acordo com o setor de relações públicas do Corpo de Bombeiros. "De fato, as casas mais humildes desses locais costumam ter um acúmulo de material altamente inflamável, ao mesmo tempo em que as instalações elétricas normalmente estão em péssimas condições. Além disso, algumas pessoas ainda utilizam lampiões, lamparinas e outros artifícios que podem desencadear incêndios", confirma a assessoria da corporação. (LP)
É fogo!
786 incêndios em construções de madeira foram registrados pelo Corpo de Bombeiros no Paraná desde o início do ano. Estima-se que a maior parte deles tenha ocorrido em favelas e áreas irregulares.
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