No PR, 48% das cidades não têm Defesa Civil
O Paraná não está preparado para enfrentar desastres naturais e não possui um sistema eficaz de prevenção. O problema está relacionado à falta de estrutura das defesas civis municipais. Em quase metade dos municípios o órgão não existe, e onde existe não está bem organizado. No estado, só Curitiba tem um mapeamento das áreas de risco e um plano diretor de defesa civil. A Defesa Civil Estadual fará o mapeamento neste ano.
Tragédia influencia debate sobre Código Florestal
A tragédia causada pela chuva na região serrana do Rio de Janeiro deverá acirrar ainda mais os debates sobre o novo Código Florestal Brasileiro. Assim que a Câmara dos Deputados retomar os trabalhos legislativos, no início de fevereiro, ruralistas e ambientalistas terão de encontrar um ponto comum que viabilize a aprovação do Código.
Brasília - As chuvas que mataram 672 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro levaram o governo federal a anunciar ontem a implantação de um sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais, a partir de um cruzamento de dados meteorológicos e o mapeamento das áreas de risco do Brasil. A implantação só está prevista para terminar em 2015. O anúncio incluiu a reestruturação da Defesa Civil em todo o país e foi feito durante reunião ministerial comandada pela presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
O sistema inclui o aperfeiçoamento da coleta de informações meteorológicas, o mapeamento das áreas de risco e o treinamento de pessoal e da população. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que há um mês o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu um supercomputador para coleta de dados, que permitirá maior precisão nas previsões meteorológicas. Mas ainda será preciso comprar 700 novos radares e interligar a rede de equipamentos.
"O prazo máximo [para a implantação do sistema] é de quatro anos, mas esperamos respostas já no próximo verão", disse Mercadante. A coordenação ficará a cargo da pasta da Ciência e Tecnologia. O projeto ainda não tem orçamento autorizado. Mercadante vai debater com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a liberação de recursos para a compra de equipamentos, como as plataformas automáticas de coleta de dados ambientais, além de radares e pluviômetros. São previstos gastos de R$ 480 milhões.
A meta é reduzir em 80% o número de vítimas em áreas cobertas pelo novo sistema até o final do governo. Neste período de quatro anos, o total de vítimas de desastres naturais no país seria reduzido em 50%, estima estudo apresentado à presidente.
Tupã
O novo supercomputador, batizado de Tupã, permitirá a diminuição das áreas climáticas mapeadas dos atuais 20 quilômetros quadrados para 5 quilômetros quadrados. Também terá capacidade para acelerar cálculos e previsões de níveis de chuva. Para isso, será preciso mais satélites, radares e pluviômetros. A intenção é ter uma rede totalmente integrada de radares, incluindo os hoje usados exclusivamente pela Aeronáutica.
O novo sistema terá uma sede central e outras cinco unidades, uma para cada região do país, e também irá integrar os satélites da Aeronáutica. A ideia é que os ministérios da Defesa e da Justiça, por meio das Forças Armadas e da Força Nacional, atuem na "pronta resposta", para retirar pessoas quando alertas forem acionados ou em casos como o do Rio, onde é preciso fazer resgate e salvamento.
Defesa Civil
Outro desafio é desenvolver o sistema de alerta à população, que precisará contar com a Defesa Civil dos municípios, inexistente na maioria deles. O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, estima que apenas 426 dos 5.565 municípios brasileiros contam com Defesa Civil estruturada. "A Defesa Civil tem muito o que reestruturar. O sistema tem se revelado frágil, é uma realidade. Ninguém vai tapar o sol com a peneira. Temos que encarar a realidade e reagir", disse o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
De acordo com Mercadante, o país tem hoje 800 áreas de risco 500 de deslizamento e 300 de inundação envolvendo 5 milhões de pessoas. Apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, no entanto, têm um detalhamento específico. Nenhum estado brasileiro tem um sistema, mesmo que rudimentar, de alerta antecipado. O governo avalia que o ideal é avisar as pessoas nessas regiões com uma antecedência de pelo menos 6 horas.
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