Depois de morar alguns meses nos Estados Unidos acompanhados do primeiro filho, de um ano e dez meses, a curitibana Renata* e o marido retornaram ao Brasil seduzidos pela possibilidade de ter o segundo em território americano. Confirmada a espera de Alice, o casal tratou de buscar ajuda para viabilizar o plano. Foi assim que conheceram a clínica Ser Mamãe em Miami, agência especializada em realizar partos de brasileiras nos Estados Unidos.
De Miami, Renata explicou que a principal motivação do casal para cruzar o oceano para o parto foi garantir que as portas do Tio Sam estejam sempre abertas para a filha – Alice nasceu há algumas semanas cidadã americana, conforme garante a Constituição a todos os nascidos no país.
Investimento alto para nascer em Miami
Para que a filha tivesse o passaporte americano, Renata e o marido, que atua no mercado imobiliário, investiram alto – cerca de US$ 25 mil (ou R$ 90 mil, com a cotação do dólar em R$ 3,39 mais impostos).
O montante cobre a assistência médica fornecida pela Ser Mamãe em Miami e parte da estadia – a gestante tem de viajar cerca de dois meses antes do parto e precisa permanecer nos EUA pelo menos mais dois meses por conta da vacinação e documentos do bebê. Eles garantem que valeu cada centavo.
“Quisemos abrir as portas do país para ela. É um país superdesenvolvido, que tem qualidade de vida e respeito ao cidadão. E, ao contrário do Brasil, aqui tem estabilidade jurídica, política e econômica. Ela vai carregar a cidadania para sempre, pode voltar para o Brasil e lá na frente decidir onde vai morar, estudar, trabalhar”, explicou.
O casal ressaltou que a crise enfrentada pelo Brasil não foi fator determinante para a decisão, mas a perspectiva de um futuro mais promissor e seguro fora do país, sim. Renata retorna ao Brasil com os filhos e o marido nos próximos meses, mas planeja voltar para os EUA num futuro próximo.
A mesma expectativa em relação ao futuro da prole foi o que levou Fernanda*, de Goiás, a contratar o Ser mamãe em Miami para ter o segundo filho em solo americano. “A cultura norte-americana me fascina e creio que meus filhos poderão ser pessoas melhores por conviver nesse ambiente”, afirma.
Já a paulista Cintia* teve seu primeiro bebê em Miami no fim de março. Para ela, a experiência foi fortalecedora. “Posso dizer que sou uma pessoa vencedora, porque consegui conquistar o meu objetivo, que é de proporcionar, por meio da cidadania americana, um futuro melhor para a minha filha.”
Em um ano, mais de 100 brasileiras aderiram
Ter filhos em país estrangeiro não é exatamente uma novidade, mas nos últimos anos serviços como o Ser Mamãe em Miami têm ampliado o acesso a esse tipo de assistência. Desde que foi lançado, há um ano, o Ser Mamãe já fez o parto de 40 brasileiras; outras 20 gestantes já estão em Miami aguardando o parto e, no Brasil, cerca de 70 estão com a viagem marcada para os Estados Unidos.
Diretor da clínica, o pediatra brasileiro Wladimir Lorentz conta que a ideia de criar o Ser Mamãe surgiu quando atendia turistas em Miami e percebeu que a prática de viajar para os Estados Unidos para ter filhos era comum entre os russos. “Notei que a prática se tornou comum também entre os latinos e decidi lançar o serviço para que famílias brasileiras tivessem acesso a informações sobre médicos e serviços em Miami.”
O médico atribui a alta procura à estrutura médica que o país oferece, aos índices elevados de cesarianas praticadas no Brasil e à ameaça do zika vírus. Nem Lorentz e nem o site da clínica mencionam os benefícios imigratórios de ter um filho nos Estados Unidos. “O nosso foco é o serviço médico prestado, até porque cada um possui uma situação imigratória e deve tratar o caso individualmente com advogados.”
* As mães ouvidas pela reportagem pediram para não ser identificadas.