Belo Horizonte - O goleiro Bruno Fernandes; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, suspeitos de envolvimento no desaparecimento da ex-amante do atleta Eliza Samudio, deixaram ontem pela manhã o Juizado da Infância e da Juventude, em Contagem (MG), sem dizer uma palavra. Eles ficaram no local por meia hora. Ao deixar o Juizado, Bruno deu risadas ao ouvir a multidão xingá-lo de "assassino".
Os depoimentos buscavam esclarecer a participação do adolescente de 17 anos, primo de Bruno, no desaparecimento de Eliza. "Ele não vai repetir palavras que não foram ditas e sim colocadas na boca dele. Essa história de mão jogada pra cachorro não existe", disse Eliezer Jonatas de Almeida, advogado do adolescente. Almeida disse ainda que o menor sustenta que foi simplesmente contratado para dar um susto em Eliza. "Ele nunca soube quem é Bola e também não levou a polícia na casa do Bola."
O promotor Gustavo Fantini disse que já tem os elementos que comprovam a participação do adolescente no sequestro de Eliza. "Um ato tão grave como sequestro já permite a medida de internação", disse Fantini.
Outro primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, o Camelo, mudou ontem pela segunda vez sua versão sobre a suposta morte de Eliza. Ele disse que nada sabe sobre o caso e colocou em dúvida se houve crime.
Vídeo
Em novo vídeo divulgado ontem, Bruno afirma que vai processar o Estado e que o prazo da acusação "está acabando". O vídeo foi divulgado pelo SBT. As imagens mostram Bruno conversando com um agente do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, onde o goleiro e Macarrão estão detidos. As imagens foram registradas pelo agente em um celular. "Tá acabando o prazo deles. Eu acho que eu vou processar o Estado, xará. Por tudo que fizeram comigo. Perdi de um lado e ganho do outro. Só que perdi mais que ganhei", diz o goleiro.
Bruno afirma também que já conhecia Bola. "O Bola a gente já conhecia. A gente ia arrumar um teste pro filho dele [no Flamengo]. Nem sabia do passado desse cara. Tô esperando ver se sai o habeas corpus."
Os dez cães da raça rottweiler retirados da casa de Bola, em Vespasiano, foram levados ontem ao Centro de Zoonoses de Belo Horizonte, onde passaram por uma análise com o reagente Luminol para detectar a presença de eventual sangue da vítima na pelagem. Ainda não há prazo para a conclusão do laudo.