As buscas aos oito procurados na megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal continuam neste sábado (12), em todo o Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo delegado da Polícia Federal, Alan Dias.

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A ação, que investiga o envolvimento de policiais com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis, já prendeu 37 pessoas, sendo 29 policiais (20 PMs e 9 policiais civis).

De acordo com o delegado, dos oito foragidos, quatro são policiais. "Estamos com uma equipe de 15 a 20 policiais federais nas ruas à procura deles. Também estamos trabalhando com medidas operacionais e de inteligência. Se localizarmos os foragidos, enviaremos uma equipe operacional ao local, com mais policiais", explicou o delegado, que não quis divulgar maiores informações para não prejudicar as buscas.

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Ainda segundo Dias, se os policiais não se apresentarem em até um mês, contando a partir de sexta-feira (11), serão demitidos por serem funcionários públicos. A operação segue ininterrupta desde sexta.

Dois policiais se entregam

Mais dois policiais procurados na megaoperação da Secretaria estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal, um militar e um civil, se entregaram no Rio. A informação foi confirmada pela Polícia Federal.

Ainda de acordo com a PF, o policial militar se entregou na sede da Polícia Federal, às 23h30 de sexta-feira (11). Ele foi levado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, no subúrbio do Rio, na madrugada. Já o policial civil se entregou na 22ª DP (Penha), 0h30 deste sábado (12). Ele foi transferido para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.

Delegado transferido

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Um dos alvos na megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal, o delegado Carlos Oliveira foi transferido da sede da PF, no Centro do Rio, para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, na noite de sexta-feira (11). Os advogados não falaram com a imprensa.

O delegado se entregou à tarde na sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento no começo da noite. Oliveira já ocupou o cargo de subchefe operacional da Polícia Civil e, há pouco mais de um mês, havia assumido a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).

Os envolvidos receberiam propina para passar informações de operações a criminosos e venderiam material apreendido. Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado no Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro do ano passado.

Em nota oficial, a prefeitura do Rio anunciou nesta manhã que iria exonerar Carlos Oliveira. "Ele já tinha saído da polícia. A situação dele está posta e está muito ruim. O que mais interessou foi saber quem estava fazendo. Se vendeu um ou 10 fuzis, a gravidade é a mesma", disse nesta manhã o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

A delegada Márcia Becker chegou à sede da PF na manhã de sexta para prestar esclarecimentos. Ela era titular da 22ª DP (Penha) durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que podem reforçar as acusações contra os suspeitos.

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Primo de Marcinho VP

Um dos policiais militares presos durante a megaoperação é primo do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que é chefe da facção criminosa que teria orquestrado os ataques no Rio em novembro do ano passado e cumpre pena no presídio de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Polícia Federal, o primo de Marcinho VP é terceiro-sargento e estaria cedido à Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

Informantes e escutas

Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes e visa cumprir 45 mandados de prisão e 48, de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais. Com lanchas, agentes também fazem buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias. Entre os procurados, 30 são policiais civis, militares e delegados.

"O objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina", explicou o superintendente da PF, Angelo Fernando Gioia, em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã.

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"Não vou abrir mão de qualquer tipo de parceria, de quem quiser me ajudar. O problema do Rio é antigo e sério e, graças a Deus, temos encontrado parceiros e acredito ter dado respostas à sociedade. Se eu fizesse sozinho, prenderia 9,10,11 pessoas. Polícia nenhuma do mundo vira a página enquanto tiver em seus cargos esse tipo de gente", resumiu Beltrame.

O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, chamou o delegado Carlos Oliveira de "traidor", depois de prestar esclarecimentos sobre as investigações na Polícia Federal nesta manhã. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista, Beltrame reiterou a confiança em Alan Turnowski

Investigações

Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.

Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.

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