Uma cadela que pertencia a um grupo de moradores de rua levou dois tiros de um policial militar na madrugada deste domingo (10), de acordo com relatos divulgados nas redes sociais. O caso foi na Avenida Sete de Setembro, no bairro Batel, em Curitiba. Imagens gravadas por câmeras de segurança próximas mostram o momento que, supostamente, um dos policiais atira contra o animal, que corre para longe do local. Por nota, a Polícia Militar do Paraná informa que abrirá uma sindicância para apurar o fato.
No vídeo, é possível ver o que seria o início da confusão: uma equipe policial abordou moradores de rua que dormiam sob a marquise. Logo depois, um policial empurra um dos moradores, e a cadela, que cuidava dos filhotes, se assusta.
Na tentativa de proteger os filhotes, Polaca, como era chamada pelos moradores de rua, agiu por instinto e foi para cima de um dos policiais, que, então,atirou contra o bicho.
O caso foi por volta das 4h30. De acordo com Fabiane Rosa, da ONG Salva Bicho, o animal ficou sem atendimento até por volta do meio-dia, quando uma moradora de um prédio próximo levou-o até um hospital veterinário.
A primeira informação era de que o animal havia morrido já com os tiros. Mas Polaca foi levada ao Hospital Veterinário Garra, que, por telefone, confirmou o atendimento e a morte da cadela no local. Conforme o médico veterinário Elgio João Presotto, que atendeu a cadela no hospital, o animal foi atingido na região do tórax, com perfuração do pulmão, do diafragma e do fígado. “O problema foi o tempo entre o ocorrido e o socorro. Ela chegou muito mal no hospital, com muita dificuldade respiratória”, conta o veterinário. Polaca entrou em cirurgia, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu durante o procedimento.
Os filhotes sobreviveram não foram feridos. Eles foram recolhidos por duas protetoras, que procuram agora uma ajuda de alguém que tenha uma cadela que possa ajudar com leite. A Rede de Proteção Animal deve providenciar as vacinas, ração, castração e tudo o que for necessário para que eles sejam colocados para adoção.
Versão da polícia
A Polícia Militar por meio de uma sindicância irá apurar “eventuais responsabilidades” do policial sobre a morte do animal.
“Em tese, segundo a sua versão, o policial militar teria sido atacado pelo cão no momento em que cumpria com a sua missão”, diz a PM, por meio de nota. “A PM possui animais em seu plantel (equinos e cães), os quais são cuidados com zelo e respeito e acompanhados por veterinários constantemente. A PMPR acolhe as pessoas que trabalham pela proteção dos animais e não se pauta por qualquer tipo de violência”, diz a corporação.
Em nota, a PM diz ainda que “não compactua com violência contra animais e considera, em uma primeira análise, censurável a conduta do policial militar” que atirou contra o cão.
Sobre o motivo da abordagem aos moradores de rua, a assessoria de imprensa da corporação explicou, por telefone, que “qualquer pessoa, por lei, pode ser abordada a qualquer momento” e que a ação pode ter sido parte de uma “patrulha de rotina”, como as feitas para coibir tráfico de drogas.
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